quinta-feira, abril 29, 2010

Semi-breves (VIII)


Vou tacteando roteiros na pedra. Em viagem.
~CC~

quarta-feira, abril 28, 2010

Semi-breves (VI)

As perguntas insistentes da adolescente ontem ao jantar sobre o chão a abanar debaixo dos pés. Incrédula a perguntar como era possível o país que ela acha um paraíso ir à falência como se fosse uma casa, uma família, colocado assim na corda bamba, da mesma insolvência que um dia deixou aquele rapaz a vender a revista cais no semáforo da porta da sua cidade. Era bom contar-lhe uma história como se ainda fosse pequena: era uma vez... um monstro chamado capitalismo, tem uma boca muito grande, e adora comer países aos bocadinhos...
~CC~

terça-feira, abril 27, 2010

A tipologia do fogo

Incêndio. Um pequeno descuido na protecção dos dias fez um olhar tropeçar no teu. Impossível estancar a labareda, ela cuidou de se propagar pelo corpo todo, e uma vez ardido, foi possível ter a exacta proporção da sua intensa desvastação. As cinzas nem sequer tem história.

Fogueira. Vieste atear a duas mãos o que não se sabe se irá pegar, poderá ser breve, ou durar. Aquece enquanto dura, e por vezes parece não resistir à humidade contida em certas lágrimas, outras vezes a sua chama é tão forte que ilumina o escuro. Deixará cinzas, mas poderemos apanhá-las, e nesse acto de as deitar fora, encerrar a história.

Vela. Sem que desse conta, um beijo um pouco mais ao lado quase chegou aos lábios. Arde devagar sem se dar por ela, como uma caricia meiga que perdura por mais tempo do que se pode algum dia imaginar. No seu ondular doce, aquece sem doer os sentidos, e deixa o sabor doce do mel. Com os restos da sua cera podemos moldar novas histórias sem dor.

Caixa de fósforos: Vieste e foste no silêncio, deixando apenas na conjectura do olhar os desenhos de um amor possível. Um amor sempre impossível. É precioso o que julgamos poder acender sempre, e triste porque sabemos que nunca o faremos. Perfeito será sempre, e um dia será nada, os fósforos gastos pelo pó do tempo não mais poderão ser lume.

Também se poderia intitular a extensão e profundidade das cicatrizes, mas seria um título mais triste.
~CC~


segunda-feira, abril 26, 2010

Um minuto de Domingo

Deitar-me na rocha no cimo da falésia, indiferente a tudo, em redor todo o campo a respirar de flores. Sentir as costas quentes encostadas à pedra, um torpor a subir mansinho de sol e maresia. O teu corpo a deitar-se levemente por cima do meu, o seu peso sobre o meu coração a bater salgado. Um minuto só esse tempo de intensa felicidade, como se nada mais houvesse para trás e para diante, só esse minuto de diluição de corpos um no outro, e na própria terra.

Se esse minuto pudesse durar.

~CC~

Diário a cores (VI)

BRANCO
(Sevilha, 2010)

domingo, abril 25, 2010

Dizer sempre

As frases banalizaram-se mas se fecharmos os olhos sobre elas e as respirarmos têm uma beleza cortante. Uma actualidade tão grande que o grito nos seca a garganta. Uma urgência ainda, como se o mundo fosse outro e afinal ainda o mesmo. Não sabemos talvez quem são os responsáveis pelas lágrimas que vemos espalhadas pelos rostos sem esperança, talvez cada um de nós o seja também, e ainda o vizinho do lado. Isso torna a revolta mais difícil, os poderosos, os ricos, os políticos eram figuras de carne e osso nas canções de antes, mas hoje são sombras de que não apalpamos os contornos. As revoluções alimentam-se de simplicidade, de carne fresca, de sorrisos lavados, de vozes afinadas só pela alegria. Nada disso ontem havia junto ao rio, a Grândola canta-se de braços caídos e olhos no fogo de artifício. E ainda assim o que nos traz, o que traz tantos, o que nos faz sair para as praças, para as ruas, para o meio das pessoas? Traz-nos este grito que ainda sentimos cá dentro, um travo a papoila, flor frágil e tão brava do campo. Abril é ainda um mês de uma beleza sem igual no calendário apressado dos anos.
~CC~

sexta-feira, abril 23, 2010

A Interpretação dos verbos

Perdoar, esse deixar o tempo cicatrizar as feridas, e olhar para elas como uns riscos superificiais na pele, marcas lavadas de ódio, de desprezo, de raiva. Ser capaz de estender uma mão a quem não viu a nossa quando a estendemos.

Consolar, essa capacidade de ir buscar a ternura nas dobras escondidas do coração, escavando-o à procura do riso possível para depositar num rosto triste. Ser capaz de palavras doces para oferecer num tempo de amargura.

Arquitectar, essa vontade de sonhar permanente, riscos cruzados no papel cheios de casas brancas, muitas papoilas, um sol desenhado num dia de primavera, um piquenique com cerejas e beijos leves trocados devagar. Buenos Aires, e todo o deserto ainda à espera do olhar.

Conseguir, qualquer coisa melhor que ter êxito, chegar provisoriamente a um lugar onde quando nos dizem "muito bem" sentimos o sabor do suspiro a desfazer-se na boca, a certeza de que afinal todas as escritas nos são possíveis, basta inclinar a caneta de uma determinada forma para apanhar o vento certo. A certeza de que saber pensar é afinal o mais importante. Saber que o sabemos.

~CC~

quinta-feira, abril 22, 2010

Semi-Breves (VI)


Passei a adolescência vestida de preto, cinzento e castanho. Talvez já chegue.

~CC~

Tempestade

Não devia ter escolhido o último andar por causa da nesga de rio, da proximidade do céu, dos dois castelos presos no olhar. Não devia porque agora chove e troveja quase dentro do quarto e os rasgos de luz tiram-me o sono, e não há nenhum abraço capaz de acalmar este medo irracional das tempestades, ainda mais quando elas chegam assim na Primavera. Os pais envelheceram, e estão doentes, e os filhos são ainda demasiado novos, estamos entregues à idade adulta onde a palavra medo é um esconderijo. Falo assim com a tempestade, de olhos abertos, é a ela que lhe falo do medo, e assim ela vai-se embora de mansinho, com a compaixão que a natureza tem da fragilidade dos homens. Falo com a tempestade e peço-lhe que se vá embora, que procure lugares onde o sono é pesado e ninguém tem medo de quase nada, que vá para lugares onde o coração não estremece a cada trovão.

Para a próxima pensarei melhor sobre o último andar, esta proximidade do céu.
~CC~

quarta-feira, abril 21, 2010

Semi-breves (V)

Dizes que o amor é um bordado, que exige paciência, o tempo de uma vida toda a aprender.
Digo-te que não sei bordar, e não quero nem consigo aprender. Prefiro as tintas, e sujar com elas os dedos, pintar a pele.
~CC~

terça-feira, abril 20, 2010

Outras palavras, e podiam ser minhas (I)



TESTAMENTO
Vou partir de avião
e o medo das alturas misturado comigo
faz-me tomar calmantes
e ter sonhos confusos

Se eu morrer
quero que a minha filha não se esqueça de mim
que alguém lhe cante mesmo com voz desafinada
e que lhe ofereçam fantasia
mais que um horário certo
ou uma cama bem feita

Dêem-lhe amor e ver
dentro das coisas
sonhar com sóis azuis e céus brilhantes
em vez de lhe ensinarem contas de somar
e a descascar batatas

Preparem a minha filha
para a vida
se eu morrer de avião
e ficar despegada do meu corpo
e for átomo livre lá no céu

Que se lembre de mim
a minha filha
e mais tarde que diga à sua filha
que eu voei lá no céu
e fui contentamento deslumbrado
ao ver na sua casa as contas de somar erradas
e as batatas no saco esquecidas
e íntegras

ANA LUÍSA AMARAL, Minha Senhora de Quê, Quetzal Editores, Lisboa, 1999: 61, 62

segunda-feira, abril 19, 2010

Diário a cores (V)

VERDE
(Rio Sado, data incerta)

domingo, abril 18, 2010

Semi-breves (IV)

Domingo é o dia mais vivo no mercado da minha cidade. Minha cidade, soletro estas palavras novas na minha boca. Sabem carnudas e leves, sabem como se fossem morangos acabados de colher. São um interlúdio de esperança que chega sem razão aparente, talvez apenas por ser Domingo. Talvez apenas por ter descido ao mercado do Livramento e voltado com os sacos viçosos de verdes e uma maravilhosa garoupa para partilhar em companhia.

Minha, digo novamente, como se a mala estivesse desfeita.

~CC~

sábado, abril 17, 2010

Destinos à chuva

Era um minúsculo guarda-chuva castanho saído numa revista dessas que não me lembro de comprar, a não ser quando me assalta um interesse tão raro quanto súbito pela moda Primavera-Verão. Tão minúsculo, tão instávell, tão frágil, que pouco me tapava da chuva forte que teimava em cair naquele fim de tarde Lisboeta. Mais de metade das pessoas não tinha, contudo, nenhum. E desde que não uso carro quando vou a Lisboa que dentro da cidade praticamente só caminho a pé. E era ainda longo o caminho, e muitos o peso que levava dentro de um dossier inapropriado para passeios à chuva.

Olho repentinamente para o lado e vejo uma loja colorida, com vários e robustos guarda-chuvas na montra. E pediam tão pouco por eles, que não hesitei em trazer um. Que fazer do outro? Era minúsculo, frágil, e estava completamente molhado, era impossível guardá-lo na mala, e também impossível deixar no lixo o que não era lixo. Pensei em dá-lo a alguém que viesse sem nenhum, alguém que se cruzasse comigo a escorrer àgua. Diria: tome este, que tenho dois.

Mas não fui capaz, a timidez sempre me protegeu destas abordagens ou impediu-as. Vou deixá-lo num lugar em que alguém o possa encontrar e levar, pensei. E assim fiz. E fui caminhado sempre em frente depois de o deixar poisado em lugar bem visível. Cerca de 5 minutos, parada no sinal vermelho, abeirou-se um moço dos seus vinte anos, deixando-se estar ao meu lado, enquanto esperavámos pelo sinal verde.

Na mão segurava, com grande satisfação, o meu guarda chuva pequenino. Deixei-o passar à frente para o ver a caminhar, usando o que era frágil e quase irrisório, para se proteger da chuva. E no lugar onde estavam as suas mãos, tinham estado 10 minutos antes as minhas.
~CC~

sexta-feira, abril 16, 2010

Diário a cores (IV)

AZUL
(Moçambique, Zona de Pemba, 2007)



quinta-feira, abril 15, 2010

Escrita na areia

A terra treme zangada, nunca a vi tremer tanto e tão intensamente, ou nunca lhe deram tanta voz. Reage como um animal ferido. O que lhe fizémos?

Também me sinto muitas vezes um animal ferido, acossado. O que me fizeram? O que fiz de mim?

O rio é tão grande quando o passo devagar, neste comboio azul, do qual me fiz utente. É tão bonito o Tejo pela manhã, tem uma luz que nos lambe as feridas, que me lambe as feridas.

Ela diz-me para não me deixar abater. E não deixo, mesmo que a chuva tenha deitado ao chão as flores das árvores, cortando rente a Primavera. O corpo anda a pedir-me um descanso que não lhe posso dar, dói-me o ombro, o braço, a mão, todo o lado direito a pedir-me tréguas da escrita.

Que bom seria poder escrever uma tese toda na areia da praia, enfeitá-la com conchas, búzios, um bocadinho de algas. E depois a maré viria levar as palavras com ela, levando as palavras como comida de peixe. Que valor têm as palavras se não as dermos a comer aos peixes?
~CC~

Diário a cores (III)

BRANCO
(Cabo Espichel, 2007)

quarta-feira, abril 14, 2010

Diário a cores (II)

VERMELHO
(Ilha do Ibo, Moçambique, 2007)

Semi-breves (III)

A- Mãe, vais às compras? Traz-me iogurtes gregos!
M-Mais alguma ideia filha? Dessas boas para fazer o país superar a crise sem os obrigar a comprar submarinos ou lhes sugerir a venda das ilhas?

~CC~

terça-feira, abril 13, 2010

Diário a cores (I)

AMARELO
(Sevilha, 2010)

Semi-breves (II)

Não há serviço de mesa, lia-se em letreiro grande. Ao fim de uns meses ela começou a trazer-me o café, acompanhado de um sorriso pequenino e matreiro.

~CC~

segunda-feira, abril 12, 2010

Semi-breves (I)

O moço dos calções olhava para mim fixamente. Quando lhe devolvi o olhar, percebi que era o manequim da montra.

~CC~

domingo, abril 11, 2010

De olhos molhados

Ele veio no final contar-me uma história, ele e todos os outros que estavam presentes, tinham saído meninos das páginas do Diário do Sebastião e vinham agora já velhos beijar-me as faces coradas. Parecia um sonho, não fosse ter a certeza que estava a acontecer.

Ele disse-nos para irmos até à varanda da sala 19, até aquela varanda enorme sobre o Tejo. E disse-nos para olharmos bem e escrevermos um poema. E eu não sabia o que escrever e estive muito tempo, muito tempo a olhar. Entreguei uma página em branco só com o título que dizia: Da minha Janela...E ele entusiasmado disse-me: excelente título, muito bom...E eu fiquei espantado a olhar para ele, de olhos abertos e arregalados...e daí para a frente escrevi muito, e ele passou-me a chamar-me poeta.

Como é possível que tantos anos depois estejamos ali a contar histórias? Eles que foram alunos dele, ela que foi (é) a mulher dele, eles que foram a família, nós que o lemos. Parece que dois dias antes de morrer escreveu um poema sobre asas, as maravilhosas asas das aves, talvez as que voam ainda sobre a Arrábida. Posso ouvi-lo a dizer aos alunos, de braços bem abertos: de que estão à espera para voar?

Falo sobre mim, sobre o Sebastião, sobre ser professor, sobre amar a escrita? Não sei, não sei exactamente o que disse. Acho que me levantei e falei de pé, ou voei. No fim alguém disse: pintou uma aguarela. Acho que nunca ninguém me tinha dito uma coisa tão bonita.

Os meus olhos só não deixavam cair a água.
~CC~
(obrigado também a A, S, J, sem os quais voar seria mais difícil)

No país das maravilhas

Há muito que o silêncio tinha tomado de vez as tuas poucas palavras, embora as coisas poucas possam ser muitas, se têm com elas o vermelho das papoilas. Voava num fim de tarde sereno, em busca de letras unidas pelo cimento único da poesia, como se esse mel, uma vez bebido, me pudesse restaurar todas as células. E vi de repente a tua casa pendurada no arco-irís, moravas entre a risca cinzenta e a risca amarela, num oscilar bem condizente com o teu coração pendular. E mesmo sem teres posto o teu nome à porta, substituído por uma placa que dizia piquenique no azul com cerejas, saberia que eram tuas as palavras de tinta rubra, espreitavas por cada uma delas invisivel, com os teus olhos tristes e o teu sorriso alegre, e a sabedoria própria dos gatos que aprenderam a voar.
~CC~

sábado, abril 10, 2010

Do calor que passa (II)

Conhecemos pessoas fascinantes que mais devagar ou mais depressa se vão embora. A nossa vida faz-se com outras, talvez não tenham um fascínio tao grande, mas dão-nos a mão e fazem-no por muito tempo. E sabemos o quanto o calor que por essa mão passa nos ajudou a levantar em tantas e tantas manhãs, naquelas mais cinzentas, em que o sol não aparecia para nos beijar a face.
~CC~

quinta-feira, abril 08, 2010

Do calor que passa

Ele estava parado no meio da rua e segurava um menino de uns 4 anos pela mão. E dizia-lhe: era ali ao fundo a escola do pai, vinha a pé todo este caminho, estás a ver aquela subida como é grande? E o pai fazia tudo isto...E o menino não dizia nada, bem seguro pelo pai, só entendia do que ele lhe dizia o calor da sua mão.

Nunca sigas ninguém que não conheces, digo à minha filha, quando ela me diz que o melhor modo de ensinar um caminho a um estrangeiro é dizer-lhe que nos siga. Mas aqui era ao contrário, mãe, não era eu que seguia alguém, mas essa pessoa que me seguia. Não, nunca, digo com muita força. E depois digo-lhe mais, conto-lhe uma história enterrada na areia funda, mergulhada no escuro da infância, no mais escuro dela. Ela ri da minha estupida inocência de sete anos. E percebe o quanto eu tive sorte, uma sorte absolutamente e maravilhosamente inexplicável dentro do azar tremendo. Mas ela não sabe que eu penso milhares de vezes que se me salvei de uma coisa assim, posso afinal conseguir salvar-me de mais, que afinal uma coisa má me ajuda a viver, a superar, a ultrapassar-me. Que podemos transformar as coisas más em força motriz para coisas boas.

Mas a coisa mais importante a saber é que se lhe der a mão posso passar por ela este calor. E este calor também é uma força motriz.
~CC~

quarta-feira, abril 07, 2010

Novelo

Levantei-me com vontade renovada de sacudir a sombra que me persegue. A vontade é um fio pequenino que preciso enrolar até se formar um novelo grande, tão macio quanto resistente. Dá-me um fio teu para que possa enrolar também.
~CC~

terça-feira, abril 06, 2010

Aquário (II)

Eu era um peixe pequenino cujos olhos violeta diferiam de todos os outros, a maior parte dos peixes do aquário tinham olhos castanhos ou olhos de mudança de cor, esses eram variáveis em função da cor do peixe rei. Sabiam viver bem no aquário, eu nunca tinha realmente aprendido. Talvez outros se sentissem como eu e tivessem afinal olhos violetas, mas estava de tal modo inseguro do meu ser, que não os conseguia ver.

Contudo os meus dentes eram igualmente pontiguados, e se os soubesse usar devidamente, talvez pudesse defender-me, ou mesmo atacar, ainda que a palavra atacar me fizesse estremecer, de tal modo combinava mal com o violeta dos meus olhos.

Certo é que os meus sonhos se tinham tornado pesadelos frequentes.
~CC~

domingo, abril 04, 2010

Aquário

Eu era um peixe azul de olhos verdes, um peixe pequenino preso dentro de um aquário. Nada sabia do mar e, no entanto, tinha uma memória vaga de um lugar maior onde não estava só, um lugar de liberdade. Pouco a pouco a água do aquário ia secando e ninguém acrescentava mais, a minha vida desenhava-se entre a vertigem da morte por asfixia e a esperança de que chovesse. Nos dias piores eu queria morrer imediatamente, saltar do aquário num voo em direcção à carpete da sala, ou cair no meio do vaso das begónias. Nos dias melhores imaginava que alguém olhava para mim e me via como eu sou, enfiava-me num frasco de vidro, levava-me até um pequeno riacho e deixava-me escorregar do frasco, devagarinho. E tontos de luz, os meus olhos verdes ririam pela primeira vez no meu rosto novo, rosto de peixe rio, rosto em busca do mar.
~CC~

quinta-feira, abril 01, 2010

Saborear

Tocar o azul, deixá-lo pintar o verde das folhas.
Lamber os lábios de azul, saboreá-lo feito doce.
~CC~


PS. Boa Páscoa, encham de beleza os vossos olhos.