quinta-feira, janeiro 28, 2010

Aprisionados na rede (II)

Tem uns belos olhos claros num rosto sorridente na plena frescura dos vinte, mas ultimamente achei-a tristonha e sem cor. Pensei que o cansaço dela poderia ser igual ao meu, que talvez como eu se sentisse no limite. Mas não era.

Aproveitando uma frase que deixou escapar: não durmo há muitos dias, perguntei-lhe o que se passava com ela. E acrescentei a medo: não me diga que fica na NET até de manhã...(mas confesso que eu própria achei a minha frase um exagero). E ela respondeu: É isso professora...mas quase não vejo Televisão!
~CC~

terça-feira, janeiro 26, 2010

Montes Claros

No sábado vi umas tímidas e incertas papoilas, dobradas pelo vento e de um vermelho pálido, não pareciam poder vingar muito tempo. Mas fiquei feliz com elas, feliz por as ver, como se atrás delas pudessem vir mais e mais e tornar rubros os campos. Depois chegou um azul hesitante, pautado ainda por muitas núvens ora brancas ora negras, mas ainda assim a deixar passar a melhor luz que há. E essa nesga de possível Primavera trouxe com ela saudades dos meus namoros adolescentes, feitos ao ar livre, em tudo quanto era um pequenino espaço verde cujas árvores fossem capazes de esconder meia dúzia de beijos. Será impressão minha ou o número de namorados nos jardins diminuiu muito? Terão passado a beijar-se via MSN e afins?

Lembro-me do medo que sentia quando iamos namorar para os Montes Claros, apesar de nem sonhar o quanto Monsanto era um lugar perigoso. O medo que ia a par com o arrepio da pele e a maravilha dos milhares de trevos debaixo dos nossos corpos. E entre dois beijos e umas conversas tontas ainda se saboreava uma azeda apanhada ali mesmo.
~CC~

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Formiguinha





As formigas arquitectam no seu silêncio montinhos cheios de coisas para o Inverno. Espero que aquilo que faço tenha essa consistência, embora seja na verdade imaterial, impossível de saber verdadeiramente. Nunca sei se cheguei ao que queria. Mas ensinar talvez seja deixar sementes sem saber quais delas vingarão, se tornarão arbustos e depois árvores. Talvez algumas não nasçam já, mas só mais tarde, outras nunca ganharão a força necessária, outras já as vejo prontas, maduras. Desenhar um projecto com os estudantes é anular os tempos da escola, livres de aulas, rotinas, dias de semana e de fim de semana, podemos criar um outro modo de nos apropriarmos do saber.

Chegar ao fim é e também perceber o quanto estaríamos mais prontos para começar.
~CC~

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Outra estação



Já queria Primavera, para me ver a nascer, saída da terra como um rebento verde a acreditar no azul. Já queria Primavera, para sair azul, das primeiras ondas mornas.
~CC~

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Espantoso :)

Quem diria...e eu sempre a tentar esconder o meu!!!
~CC~

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Desenhos

Naquele dia eu teria precisado de um diário gráfico para registar os olhos de todos os que olhei.


Ela tinha olhos pequeninos e rasgados num rosto branco com cabelos muito frisados, era uma mistura ocidente-oriente, mas parecia estar sempre a sorrir quando falava e abria muito os braços como se fosse capaz de nos levar com ela até ao tempo em que o Buda disse aos animais para atravessar o rio. Deu uma aula de nos silenciar uma hora, a um público dos 3 aos 80 anos, podemos perguntar a partir daquele silêncio interessado se outra escola, outra vida, não seria possível. Ela usou muito os olhos pequeninos e o sorriso grande.

Os meninos de bata colorida chegavam-nos à cintura e estavam tão bonitos para o dia da saída que pareciam poder figurar numa montra a ilustrar o coração do que é o jardim de infância. Não tinham medo de nada, e não choraram uma única vez. Pelo contrário, pareciam dispostos à aventura, mas com ar grave e sério de quem sabe que pode correr riscos.


E os jovens, uma turma do último ano do Basico, marcada pelo insucesso, demoraram bem mais a mostrar no olhar alguma alegria, só mais tarde, quando deram à mão aos meninos e aos mais velhos e os ajudaram a jogar é que se percebeu que daquela força silenciosa e agreste saia um sol líquido, capaz de amainar o dia de tempestade.

E as senhoras mais velhas eram todas como a minha mãe, lindas nas suas combinações de baton, mala e vestido, pareciam incapazes de se mover para além das cadeiras onde se sentavam muito compostas, mas assim que as bolas de trapo começaram a saltar, elas correram atrás delas com os meninos do jardim de infância e os adolescentes no encalço.

Se eu pudesse desenhar momentos felizes, se eu soubesse.
~CC~


PS. Foi no Centro Cultural de Lagos há cerca de um mês que vi uma exposição muito interessante de diários gráficos e cadernos vários. Também tenho sempre um caderno, estão agrupados por anos e estão cheio de rabiscos de pontos, letras, colunas e linhas, nenhum desenho. Mas dantes desenhava muito. É espantosa a qualidade do que vi naquela exposição, de fazer inveja a todos os que só têm à mão letras para falar dos seus mundos interiores e exteriores.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Chave

Não basta ser díficil encontrar a chave certa, há também que contar com as portas que têm duas fechaduras.
~CC~

sábado, janeiro 16, 2010

Mulher

Esqueço-me com frequência que sou uma mulher, isto acontece-me desde sempre, mas agora cada vez mais. Na adolescência quis ser árvore, pássaro ou flor porque tinha vergonha de pertencer à humanidade, mas isso passou-me, embora às vezes ainda me envergonhe. Ficou contudo, esta despreocupação quanto ao género que era o meu, ou seja, não adquiri algumas competências que se calhar me fizeram falta.

Toda a vida ouvi reparos em relação ao modo de sentar, aos abraços desmedidos dado a rapazes ou a homens que podiam ser objecto de outras interpretações, ao meu modo de me situar no espaço, de caminhar, de me aproximar. De vez em quando, nos momentos mais improváveis, quando ando a correr de um lado para o outro, dou com uns olhos de homem fixos em mim. O meu primeiro pensamento costuma ser que há algo errado comigo, que devo ter o casaco vestido ao contrário (o que acontece com frequência), que deve ser alguém que não estou a reconhecer(estou sempre a encontrar gente em todo o lado) , ou que é uma pessoa que deve precisar de ajuda para alguma coisa (defeito profissional). Nunca penso que aquele homem está a olhar para mim como um homem olha para uma mulher, que estou a ser olhada como mulher, e não estou a falar daqueles olhares marialvas centrados em partes do corpo salientes, mas sim naquele olhar que é todo ele um interesse centrado em nós, um olhar que também nos olha para os olhos. Com a idade isso piorou bastante, porque mesmo sem querer temos esta tendência de pensar que as moças novas são inevitavelmente giras e atraentes e que há tantas e tantas por aí que não falta para onde olhar.

Ando sempre numa correria tão grande que acho que me incorporo na paisagem, a maior parte das vezes sinto-me vento ligeiro.
~CC~

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Cidadania Global

Um dia chegará em que perderemos estas designações tontas de cidadania e adoptaremos outras, de preferência alargadas e cumulativas, poderemos então pertencer a todos os lugares, sem deixar de pertencer aos que mais amamos.

O Haiti é tambem parte de nós, é parte do nosso mundo. O que está a acontecer lá, podia ter acontecido aqui há cerca de um mês atrás, bastava um grau mais. Ou pensam que por sermos Europa os nossos edificíos não iriam cair?

Nós cidadãos que não pertencemos a organizações que actuam nesta área ou que não somos profissionais em falta nestas ocasiões, pensamos que podemos fazer pouco. Mas há sempre um bocadinho. Na terceira noite sugere-se a doação de dinheiro através da AMI, é uma instituiçao credível e deve haver mais, e lembrem-se, podemos doar pouco, mas o pouco que damos, associado ao que os outros dão é uma dádiva em crescendo. Podemos duvidar da forma como a ajuda chega, questionar a forma como as coisas se organizam, pensar que é ineficaz ajudar só em situaçao de aflição. Tudo isso é questionável sim, mas a emergência é um grito que não permite o nosso cepticismo.

Assistência Médica Internacional (AMI)
Para contribuir:
- Pode fazer uma transferência bancária através do NIB: 0007 001 500 400 000 00672
- No Multibanco basta seleccionar o menu “Pagamento de Serviços” e inserir Entidade 20909 Referência 909 909 909 e a quantia que escolheu doar.

~CC~

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Aprisionados na rede (I)

Foi já há cinco anos que me chegou um sinal de alarme, um dos meus alunos parecia-me estranho. De facto não conseguia nunca vir de manhã à escola e quando o acompanhei no estágio fez um esforço enorme, mas nunca conseguia chegar antes das 10h. Perguntei-lhe se trabalhava à noite e soube que não. Só depois de muita insistência me confessou que não dormia e passava as noites a navegar, depois não conseguia levantar-se de manhã. Procurei saber em que consistia a palavra navegar e fiquei a saber que era contactar pessoas, falar com elas, jogar, andar em sites de música. Era um rapaz atormentado, coartado no seu potencial, metido todo para dentro. Tive a noção clara que que em breve precisaria de mais ajuda, ou navegaria para sempre em galáxias que o impediriam de ter uma vida aqui, aqui na terra. E era um futuro professor que estava na minha frente.

Sei que não tinha ainda o blogue e que muito pouco por lá andava, mesmo à procura de informação. Tinha tido, contudo, uma experiência única de contacto com ex. alunos através de um site que eles criaram para trocar ideias (e sobretudo afectos) em torno das suas primeiras experiências de trabalho. Não tinha, nessa altura, capacidade para compreender o que significava inteiramente ser viciado na Internet, nesse tempo ainda não ganhara lugar entre as dependências e não sei se agora já ganhou, se a Ciência já olha para isto com olhos de ver, e mais ainda de sentir, de compreender.


Depois, comecei a ver estas coisas acontecerem a um ritmo crescente, e estou cada vez mais assustada, confesso. Hoje, fui com os meus alunos realizar uma actividade na área da Educação para a Saúde a um clube de jovens. Normalmente o responsável que nos acolhe participa na actividade, mesmo que fique só a ver. Já esta jovem animadora que trabalhava com o grupo passou o tempo a enviar sms, recebeu chamadas e até se sentou durante um bocado a ver o seu facebook, isto tudo se passou durante o tempo da sua actividade profissional, uma actividade que não exerce em privado, mas sim em público, ou seja tudo isto se passou com os jovens presentes. Parece-me que para alguns esta ligação à rede já se exerce num sistema de aprisionamento, de domínio do instrumento sobre a pessoa, de descontrole. Para outros não será ainda isso, mas é já um domínio do virtual sobre o real, é na rede que estão os amigos, que partilham novidades, que se expoem, mas depois não têm ninguém com quem ir ao cinema, com quem tomar um café, alguém a quem tocar.

Muitas vidas acreditem estão fora de controle, aprisionadas na rede. E é quase paradoxal que a use para protestar contra ela, mas no fundo não é ela, somos nós.

~CC~
PS. Para ler uma óptima reflexão sobre o assunto:

http://janela48.blogspot.com/2010/01/meditacao-sobre-decada-que-comecou.html

segunda-feira, janeiro 11, 2010

O toque de veludo

Era o seu toque de veludo, os olhos verdes líquidos, o cabelo aloirado ligeiramente comprido. Era o seu olhar de veludo, o seu toque de pêssego, o seu falar manso. Era a sua mão na minha mão, uma festa ligeira no meu cabelo, a doçura de cada abraço. Foi sempre um amor sem corpo, o meu e o dele. Era um amor como os homens não amam as mulheres, nem as mulheres amam os homens e só hoje, só hoje tenho a plena compreensão de que nada em nós cabia nas categorias habituais. Estavámos no pleno da nossa adolescência, hesitantes entre as convenções que odiávamos e um mundo outro que sabíamos não exisitir. Quando atravessávamos o pátio da escola secundária, no nosso caso uma escola em tudo diferente das outras, e ainda mais conservadora do que o habitual, choviam insultos sobre nós. E ele não assumia as suas sombras, não dizia que preferia rapazes e não raparigas, que era isso que o seu corpo lhe dizia. Ele não dizia que nas tardes longas de Verão, ele e outros rapazes da rua exploravam o corpo uns dos outros em brincadeiras pré sexuais que aos outros não marcaram, mas a ele sim. Ele nunca mais deixou de pensar no corpo de outros rapazes, e e era isso que o fazia sofrer, o que demorou muito tempo a aceitar. Era por isso que dormíamos juntos um ao lado do outro, abraçados como amantes, sem que o seu corpo se pudesse acender para mim, e nem o meu chegava a acender-se para ele.

E quando já adulto se aceitou, deixou-se perder nos corredores da noite, obrigando o corpo a pagar a dor da sua zanga pelo mundo. Perguntei sempre por ele, até me dizerem que tinha morrido. Não conseguia imaginar os seus olhos de veludo fechados, nem o seu sorriso doce silenciado.

(hoje talvez pudesse sofrer menos, não por se poder casar à luz do direito do Estado, mas pelo sentido simbólico que isso tem, o que temos que festejar é apenas e tão só o abandono gradual do preconceito)
~CC~

Lugar





Era um lugar frio num fim de semana particularmente agreste. E, no entanto, vim consideravelmente quente. Confirmei amplamente a ideia de que são as pessoas que aquecem os lugares, há uma energia que podemos receber pela via directa da quantidade de luz que os olhos são capazes de emitir, pelo toque que a pele na pele é capaz criar, pela capacidade de alumiar as palavras e fazê-las correr como um rio que nos conta vida em cada sílaba.

Um caso, é assim que lhe chamamos na designação científica, um caso é uma experiência singular que procuramos captar, retratar, fixar. Mas prefiro chamar-lhe lugar e dizer que podia pertencer-lhe. Não sei se serei capaz de mais.


~CC~

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Branco

Agora que o sol chegou recheado de frio, vou em busca de um lugar próximo da neve, mas não vou pela neve, vou em busca da singularidade das pessoas que por lá moram. Levo a caixinha mágica de registar vozes. Tenho uma ideia vaga sobre o que procuro, resta saber o que vou encontrar.
~CC~

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Janeiras

Foto Serpa, Set.2009


Fui cantar as Janeiras a uma Associação de Idosos ali para a margem sul. Não canto grande coisa é verdade, mas gosto imenso desta ideia dos coros populares, nascidos nas raízes da alma, sem outra preocupação que não seja dizer ao mundo estamos aqui, estamos vivos. É verdade que por vezes o que fazemos não é mais do que um eco daquilo que foi. Ainda por cima o lugar era tudo menos uma aldeia, pelo contrário era uma zona suburbana e pobre.

Este é o tempo de andar por aí com os meus alunos, desenvolvendo actividades em tudo o que é canto. Praticamente não faço exames, quero que mostrem quem são e o que sabem fazer junto e com as pessoas. Quase todos nos abrem as portas, por vezes perguntando mesmo muito pouco, esta confiança que em nós depositam sem que nos conheçam de lado nenhum, é das coisas boas e bonitas que me têm acontecido.

Foi, no entanto, surpreendente. O coro foi só de mulheres, os homens não largaram as cartas , e a animadora da Associação disse-me que estão completamente viciados e já não fazem mais nada. Elas não, fazem ginástica de manhã, têm grupos organizados por artes e oficios, inventam pequenos teatros e estão sempre na linha da frente para que tudo o que seja passeio. O que acontece aos homens? O que é que lhes está a acontecer?

Ainda aprendi que no dia dos Reis devemos abrir uma romã e, depois de lhe saborearmos os gomos, devemos guardar aquela casquinha interior até ao ano seguinte, parece que dá sorte.


~CC~

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Nómada


Nestas alturas, quando morre alguém que admiramos, desejamos por vezes ser crentes.

De algum modo a voz de Lhasa ecoaria no céu das estrelas, prendendo a si anjos faladores de tantas línguas quantas as que ela nos trazia com a sua voz, anjos nómadas, viajantes do universo, como ela era.

Cheguei tardiamente à música da Lhasa, e queria muito assitir a um concerto dela, mas já não será possível fazê-lo, ela deixou-nos no primeiro dia do ano. No entanto, a música, acompanhada do seu sorriso de menina, ainda brilha.

~CC~


domingo, janeiro 03, 2010

Outros balanços

Costumava procurar um lugar bem no meio do campo para nem sequer ver o fogo de artifício, aninhava-me aí com aquele que foi um amor de uma década, indiferente ao modo como o mundo festejava a passagem de ano. A alegria feita motivo obrigatório nunca foi o meu forte. Fui assim feliz nesses anos de escuro, de silêncio, de vida feita ao contrário das outras, anos de família colocada na linha de água. Agora chegaram tempo mais confusos, menos claros quanto ao que sei, quero e posso realmente fazer.

Ligo-me de novo à alegria e à tristeza como lugares de viver o início de um novo ano. Sou capaz de ter esta vontade de fazer um doce novo nesta época, pegar na receita da sericaia para fazer em casa o que tantas vezes fui à procura pelos restaurantes do Alentejo, pensar que serei capaz sem medo, como tantas vezes tive, de ser julgada na praça pública, mesmo quando ela é constituída pelos nossos. Sou capaz de ensinar às crianças, algumas quase adolescentes, a receita de filhoses da família, ver que este ano foram quase todas feitas por elas, num jogo lúdico que me diverte, mas no qual coloco também um sentido geracional, de passagem do testemunho. E sim, gosto de ver a casa cheia. Gosto da conversa que ainda acontece, de escolhermos um filme para ver em conjunto, de partilharmos as tarefas que assim nos cansam a todos menos. Gosto de nos sabermos juntos, de saber que gostamos uns dos outros assim.

Mas a família que é um lugar inequivoco de amor, é também um lugar de enorme preocupação. Nada nos pode doer mais que a incapacidade que sentimos para estancar os rumos menos bons daqueles com quem crescemos ou que vimos crescer. Nada nos dói mais do que a antevisão dos precípicios nos quais podem cair. E, no entanto, que direito temos de lhes dizer isso mesmo, de os julgar, de os avisar, de os impedir. A dúvida entre o que podemos e queremos dizer, entre o que podemos e queremos fazer, é por vezes imensa. Os erros pagam-se por vezes muito caro, apesar de fazerem parte da vida. Estes momentos, em que a vida quotidiana é de repente interrompida e as vozes de cada um não chegam via telefone ou internet, são assim momentos em que vemos os olhos inteiros dos outros. E sabemos, quando os abraçamos, que bate dentro de nós um coração com medo do que possa acontecer-lhes.
~CC~