sexta-feira, novembro 27, 2009

Fazer a diferença

A miúda queimou dois dedos numa aula prática, e nem chamou por mim. A princípio fiquei zangada mas depois contou-me a história e percebi. Tudo o que precisava-o creme, o penso, e sobretudo a atenção e o carinho- encontrou numa auxiliar de acção educativa da escola. Era tão querida ela, mãe. E descreveu a dispensa minúscula onde guardava as coisas e onde tinha sempre um chá a fumegar que nunca tinha tempo de beber.

Apesar de não gostar nada de cortes de cabelo e afins, e sobretudo desses espaços de malvadez estética onde o pior da intimidade feminina aparece, lá tenho de ir de quando em quando. E apesar do silêncio que costumo manter, nada condizente com o ambiente geral, tive por parte dela direito a massagem no couro cabeludo e sorriso cumplice, uma harmonia que ela passava nas poucas palavras e nos dedos sem nada pedir em troca.

Em Moçambique, onde nada começava a horas e não se podia almoçar ou jantar sem demorar pelo menos duas horas, o motorista do taxi com que travámos conhecimento e que nos levava e trazia à escola, era de uma pontualidade e de uma honestidade impressionantes.

Nos dias em que está bem disposta ela sorri e chama-me professorinha e o café sabe-me melhor e o dia ganha sempre mais calor.

São as pessoas que fazem a diferença, é só quase nisso que acredito.
~CC~

quarta-feira, novembro 25, 2009

Identidades

Durante muitos anos o meu oficio, variável como ele é, tinha uma constante, tinha que se fazer com pessoas. Era como se o meu respirar tivesse que ser permanentemente alimentado por outros sopros, e foi bom, por esses trilhos conheci muitas pessoas que me ensinaram coisas, e outras a quem julgo também ter ensinado. A escrita era esse momento de estar comigo e chegava-me. Por isso a investigação nunca me apaixonou por pressentir nela esse ritual dos solitários, esse enfiamento para dentro, via-os como gente cujo saber se fazia mais no escuro e muitas vezes com real dificuldade em partilhá-lo, em trazê-lo para a luz.


No jogo das identidades, julguei durante muito tempo que os pedagogos, esses sim, eram gente como eu, e nunca hesitei quando me pediam para me classificar, era aí que queria situar-me, talvez por me terem marcado tanto alguns deles. Via-os entre o pensar e o agir, ou a fazer o pensar agir, ou a agir pensando. E sempre, como nos primórdios, rodeados de gente a quem importava escutar e falar, passeando na pólis, ao modo de Sócrates. E sempre gostei muito da escola, das aulas, e dos corredores e gabinetes, onde as conversas se podiam fazer de forma mais aprofundada. E mais ainda de ver os alunos crescer, inseridos em projectos na comunidade, confrontados com os mundos que não vão à escola. Ainda o faço, e está na forja uma entrada na Educação pela Arte.

Mas há qualquer coisa a mudar em mim, assim como o rosto se está a transformar, assim o meu eu me mostra vontades até agora desconhecidas. Este desejo de recolhimento, de silêncio, de casa. Antes um dia passado em casa era um pesadelo, só o fazia se estivesse doente. Agora vejo passar velozes as horas diante de mim enquanto as tento apanhar. E não sinto nenhum tédio, nenhum anseio por gente, nenhuma angústia por vozes. Estou comigo, mas ao mesmo tempo não estou só, não me sinto só.
~CC~

segunda-feira, novembro 23, 2009

Pequenas certezas

Está dentro de um meio sorriso uma lágrima gorda que o habita desde os tempos mais remotos, quando mal sabia que um espelho não eram duas pessoas mas apenas o reflexo de uma. Segura-a com firmeza a maior parte dos dias, a maior parte das vezes, é afinal uma parte do eu, uma lágrima bem aconchegada até pode fugir de nós a voar como uma bola de sabão cruzando o vento leve de Verão, quando volta ao seu lugar até perdeu metade do sal.

Mas há uns poucos dias que ela resolve mostrar o seu peso de chumbo, engorda até parecer que vai explodir e nessa explosão afogar todo o corpo no seu húmido cinzento. É preciso falar com ela num longo e terno diálogo, aquietá-la, empatá-la com falas mansas, piscar-lhe o olho. E quando por fim sossega, é possível ter a certeza que a vida em mim é mais feliz do que triste.

E as cegonhas rasgam os céus majestosas no crepúsculo frio, atravessando o meu horizonte na estrada do Alentejo, e tenho um pensamento bom, penso na maravilha que é um pássaro tão pesado poder voar assim.
~CC~

sexta-feira, novembro 20, 2009

Viajando sem sair do lugar



O corpo preso às muitas tarefas, procurando pôr a alma nelas, enquanto uma parte dela me foge, sempre em viagem.
~CC~

terça-feira, novembro 17, 2009

Receita

Faça assim para não se arruinar por dentro quando o mundo, os outros, e até você se conjugam em terríveis cinzentos.

Coza em lume brando uma lembrança boa, por exemplo, um momento em que fez alguém feliz, realmente feliz. Não se demore no tempo que essa felicidade durou, concentre a sua memória na luz. Guarde esse sol, esse calor e coma-o demoradamente, saboreie.

Eu faço isso contigo, com uma parte da minha memória de ti. Não penso no mal que a tua pele fez à minha, penso só no bem que a minha fez à tua.
~CC~

segunda-feira, novembro 16, 2009

Muros invisíveis

Muito boa a forma como o Pedro descreve o fim da amizade. Direi que o início é exactamente ao contrário, abrimos portas e janelas e deixamos o outro entrar, iluminados por essa luz que nos traz, jamais pensamos que um dia haverá sombras. E é pior do que com o amor, porque há muito que habituámos o amor à suspeita de uma morte possível.
~CC~

sábado, novembro 14, 2009

Do outro lado...





Com este entardecer pequenino, lembro um mundo além do meu sul, um mundo que não sinto meu, mas onde me apetece ir. E todas estas histórias à volta da queda do muro de Berlim, não me deixaram nada indiferente, antes pelo contrário. E sei também que em mim, um desejo de viagem é como uma doença que só se cura com a partida, mesmo que às vezes ela demore muito a concretizar-se. Foi assim com Praga. Agora penso muito nas termas de Budapeste, é um clássico eu sei, mas há postais que nos ocupam o imaginário, porque ele também é feito de imagens que não nascem dentro de nós.

~CC~

sexta-feira, novembro 13, 2009

Procuramos quem possa cuidar...


Pois é, um dia acontece connosco...mesmo quando pensamos que não...e muito menos que o blogue possa um meio para pedir ajuda deste tipo. Mas não faço parte de nenhuma rede social, não uso facebook, nem qualquer outro meio, pelo que o blogue é mesmo o único veículo público que possuo. Uso-o assim para procurar alguém que possa cuidar deste cachorro. Parece ter sido abandonado há muito pouco tempo porque está cuidado e é muito meigo e sociável.

Entre em contacto se estiver interessado ou se conhecer alguém que esteja

quarta-feira, novembro 11, 2009

As lágrimas públicas


Ela chorou, pela manhã, dentro do meu gabinete, soluçando baixinho, e senti-me mal porque o estatuto professor e aluno fizeram reter em mim o abraço que lhe queria ter dado. Falei-lhe baixinho e próximo, tentando mostrar quantas cores poderiam haver para além da sua dor, mas não a consegui tocar. À tarde uma outra aluna, essa desconhecida, saiu de dentro de uma aula a chorar e cruzei-me com ela sem conseguir dizer-lhe uma palavra, ainda hesitei o passo, mas mais nada. Hoje, passei numa paragem de autocarro onde uma mulher já adulta chorava sozinha sem sequer tentar tapar as lágrimas. É imensa a fragilidade das pessoas que tornam públicas as suas lágrimas, nunca lhes consigo ser indiferente, mas a maior parte das vezes não as consigo ir secar, consolar, sobretudo se as pessoas são desconhecidas. Mas aquela aflição persegue-me pelas horas dos dias.


~CC~

segunda-feira, novembro 09, 2009

Muros (III)

(Para a ~AF~...
Para o JVT, por causa das histórias tristes com um final feliz...
Para a Depp que se comove com as histórias dos outros, para que possa sempre ser assim...)

É preciso que diga que antes da casa ocupada, já tinha havido a casa velha do avô, e dentro dela o quarto escuro sem janelas. E depois, certas de que a vida nos ia correr melhor, tínhamos alugado o apartamento novo das duas assoalhadas de alcatifa (nunca tinha visto antes chão forrado assim), do qual tínhamos tido ordem de despejo, ditada pelo Tribunal, um espanto de eficácia no Portugal de 1975.

Por isso a subida do Sul para Lisboa, no limiar do início do ano lectivo de 1976, era outra aventura desta errância, desta procura de vida, depois de termos perdido a que tínhamos chamado nossa.

A casa das portas fechadas ficava num dormitório fino de Lisboa, só mais tarde vim a saber que tinha ganho um prémio de arquitectura. E a nossa rua, a dos lotes 90, era a única das casas ocupadas, o resto era um bairro normal e abastado, onde moravam muitos nomes sonantes da política e da televisão. Via-se um pouquinho do Tejo da rua dos 90´s, e de outras via-se muito Tejo. Nunca deixámos de ser os dos 90, mesmo depois do final feliz.

Um dia a primeira familia de ocupantes tirou as mobílias e levou-as para outra casa que tinham em Cascais, não faço ideia se ocupada. Mas não abriram as portas, deixaram-nas na mesma fechadas. Soube bastante depois que a sua ideia era negociar a saída, ter uma contrapartida nossa pelas chaves, ou obter alguma vantagem no dia em que os legitímos proprietários viessem tirar-nos dali. E eles chegaram de facto: os legitímos proprietários. Não tinham porém nome nem rosto, tratava-se de uma companhia de seguros. E o homem do frauque travestido de advogado bateu uma a uma cada porta do prédio ocupado, dizendo que tinham que sair. Mas as pessoas tinham decidido que a tragédia era coisa para arrumar no passado. E juntaram-se, e uniram-se, e perceberam que também elas podiam ter advogados. E a nossa esperança pela abertura das portas aumentava de dia para dia. E quando chegou a indicação da verba a dispender para o aluguer, a desistência bateu à nossa porta, era um montade impossível para nós.

Mas a casa tinha muitas assoalhadas e nós sabíamos viver em poucas, em quase nenhumas. Por isso a solução estava em cima da mesa: primeiro abrir as portas, depois enchê-las de gente. Foi assim que se abriram as portas, e passei a viver numa espécie de pensão familiar, mas essa é já uma outra história que agora não importa.

O que importa é saberes o que aconteceu naquele dia. Primeiro o som das chaves a abrir cada porta, o homem do fraque a deixar uma chave em cada fechadura. Depois dele sair, abrimos as portas e dançámos nas seis assoalhadas vazias, ou melhor, cheias de sol.

Os muros podem derrubar-se, as portas podem abrir-se.
~CC~

Muros (II)



(para ~AF~, que tanto gosta de conhecer as histórias reais da família)



Nunca poderei esquecer os muros que havia dentro de casa. Eram portas e portas fechadas à chave, e meninas que ainda éramos, espreitavámos pelos buracos da fechadura para tentar adivinhar o que ia lá dentro. Era uma casa grande, muito grande, mas nós vivíamos as quatro num único quarto, uma única casa de banho e a cozinha.

Nós agonizámos na nossa falta de espaço: duas mulheres, uma adolescente, uma criança enfiadas num único quarto onde se tinha que fazer tudo. Lembro-me dos colchões que se estendiam na hora de deitar e que era preciso tirar ao levantar, e ainda sei a cor dos cobertores que se dobravam e desdobravam a toda a hora. Tinham-nos deixado a casa cheia de portas fechadas à chave e nenhuma chave. Eram os nossos muros, os muros dolorosos da minha adolescência. E pouco podia compreender do que se passava em concreto: dizia-se em voz baixa que a casa tinha sido ocupada pelos retornados, e nós éramos já a segunda vaga da ocupação. Éramos também retornados, mas mais pobres e menos espertos, a nossa família era esse bando de quatro mulheres, duas afinal quase meninas, e não tínhamos nenhum rendimento para além de uma magra pensão pela qual a mãe lutava todos os dias, e mesmo essa estava sempre sob ameaça. Tínhamos vindo assim, na esteira de outros, ocupar casas de luxo vazias.

A família que tinha sido a primeira ocupante tinha partido deixando toda a casa fechada, um palacete cheio de muros. Todos os dias me perguntava pela razão das portas fechadas, e cedo descobri que entre os miseráveis há ainda quem seja mais miserável. Era por isso que a mãe chamava bruxa a quem se julgava proprietária de uma casa que tinha ilegalmente ocupado. E dizia-se que a ocupante tinha as salas fechadas cheias de móveis de luxo que tinha trazido da antiga colónia. Eu não sabia se era verdade, sonhava apenas com a abertura das portas. O meu mundo era todo feito de segredos, jamais poderia dizer às minhas colegas de escola como era a minha casa, e tremi de medo quando em Inglês estudámos as designações das divisões da casa e cada um devia falar das suas. Já não me lembro se faltei ou inventei uma casa à semelhança de todas as outras.

As portas fechadas da casa foram os maiores muros da minha adolescência. Era da tua idade, da idade que agora tens.
~CC~

domingo, novembro 08, 2009

Muros (I)

Foi numa noite fria e escura que o calor chegou pelos olhares mudos que se encontravam nos gestos que partiam em bocados o cinzento de décadas. Ninguém sabe bem como começou, nem quantos bocados de muro decoram as casas dos alemães, esses que moravam de um lado e do outro do muro. Se fosse hoje, seria por sms, as operadoras de TM ficariam felizes, pensariam mesmo em construir novos muros. Mas foi em 1989, no tempo em que a palavra ainda se conspirava pelas esquinas. Numa noite foi possível destruir o que numa outra noite tinha sido possível construir, mas foi na palavra destruir que dessa vez o sol quis morar. Não sabemos quanto tempo mais foi necessário para anular o medo do encontro, ou se esse medo existiu mesmo. Sabemos que a queda do muro abriu um mundo para o lado de cá e outro para o lado de lá. Não sabemos se já nos encontrámos, mas agora podemos.
~CC~

sexta-feira, novembro 06, 2009

Nas coisas mais simples (II)

Era um homem com cerca de quarenta anos, tinha o cabelo cheio de rastas, um colar com um corno prateado e uma camisola cheia de cores, estampada com a fotografia e o nome do Bob Marley. Podia imaginá-lo como traficante em qualquer esquina esconsa e propícia. Depois tirou o telemóvel do bolso e fez uma chamada. Ligava ao filho com uma voz doce e preocupada. Dizia-lhe para mandar uma mensagem ao pai assim que chegasse a casa, e terminou com um "porta-te bem" que faria qualquer um ter vontade de ser um anjo.
~CC~

quinta-feira, novembro 05, 2009

Nas coisas mais simples



Perguntei muitas e muitas vezes o que é o amor. Cansei-me muitas vezes de o perguntar. Para já não falar dos muitos choros interiores, infinitos e silenciosos.

E às vezes descobri a resposta nas coisas simples. Foi assim naquele dia em que atiraste ao rio pedrinhas por causa do meu fascínio pelos círculos que elas fazem na água. Fiquei ali à espera da pedrinha para poder fixar as marcas antes que se desfizessem para sempre.

~CC~

terça-feira, novembro 03, 2009

Processo de Influência

Os seus olhos de amigo eram tão importantes para mim. E ele comentava sempre alguma coisa em mim. Se ele dizia que aquela saia me ficava mal eu não a vestia mais, se torcia o nariz a uma cor eu já não a usava, se reprovava a minha franja eu já não gostava dela do mesmo modo. E tinha um modo frontal de sempre dizer, sempre opinar, sempre recomendar.

Então aconteceu aquilo com o vestido preto sem ombros. Ele fez-me notar que os ombros já ficavam melhor tapados do que assim à mostra, decerto que já tinham sido bonitos, mas a idade é o que é e eu não era propriamente uma mulher magra, de ombros ossudos como dita a moda. Apreciei mais uma vez a sua sinceridade, agradeci-lhe, destestei o vestido e os meus ombros.

E o vestido ficou parado no armário, mas em dia de desespero e muita pressa tirei-o e vesti-o. E fui para um jantar de amigos um bocadinho incomodada por o levar. Praticamente à chegada recebi um abraço e um comentário: os teus vestidos parecem feitos por uma modista para ti, são tão teus. Respondi-lhe: e os ombros redondinhos à mostra, será que ela não via como ficavam mal? Não, disse ela, é um vestido teu, e se é teu, faz-te bonita.

Vesti mais vezes o vestido. Não há como termos vários processos de influência.
~CC~

domingo, novembro 01, 2009

Ponto a ponto os dias

Estou sentada à mesa grande da escola, estou entre adultos, o caderno aberto para que me digam coisas. Mas eles não podem dizer nada, eles não querem estar ali. É a primeira coisa a saber numa reunião, assim conhecemos desde logo a razão do fracasso.

Há prostitutas na estrada nacional em direcção ao sul, menos que antigamente certamente. Estão agarradas aos seus telemóveis enquanto esperam no meio do nada, da estrada não lhes consigo ver os olhos nem saber se estão vazios ou cheios de sonhos.

O Homem passeia de tronco nu entre as mesas, falando alto para si próprio, na mão leva apenas a mochila e tudo o que é o seu mundo lá dentro. Não nos vê e nada sabe sobre nós, e nós nada sabemos sobre a sua loucura. Mas ele procura ver a sua imagem na montra de uma loja, procura-se. E nós também nos procuramos. Somos afinal mais iguais do que supomos.

Um dia, quando fores mais velha também vais contar as tuas histórias, diz-me ela. Diz ela depois de nos falar de quantas vezes o amor rondou por ela, quando tinha os mais belos olhos verdes das redondezas. Tenho, porém, a certeza de que agora é mais bonita do que antes, mesmo que não o saiba, não o possa saber.

A morte do amor é o adormecer da pele. Imagina uma pele sem poros, lisa, incapaz da troca. Já fiz isso comigo, matei dessa forma o amor, ou o que dele restava. Não deixes.

~CC~

Elipses felizes



Com raras excepções, é fora dos cinemas que decorre de facto a festa do cinema. Belissímo filme sobre pessoas tão iguais a nós. E um belo exemplo de como podemos ao mesmo tempo rir e chorar num jogo de espelhos que nos devolve inteiro o nosso rosto.




imagem retirada de http://www.qctop.com/actualites/upload/Premierjourdurestedetavie-76658.jpg



Nota de intenções do realizador“Quis fazer um filme com cinco personagens principais porque o que me interessava era ver como é que, no interior de uma família, uns determinam os outros. E além disso, tal permitiu-me trabalhar com longas elipses temporais. Gosto da ideia de deixar o espectador imaginar o que pode ter acontecido entre essas elipses.“
~CC~