Está dentro de um meio sorriso uma lágrima gorda que o habita desde os tempos mais remotos, quando mal sabia que um espelho não eram duas pessoas mas apenas o reflexo de uma. Segura-a com firmeza a maior parte dos dias, a maior parte das vezes, é afinal uma parte do eu, uma lágrima bem aconchegada até pode fugir de nós a voar como uma bola de sabão cruzando o vento leve de Verão, quando volta ao seu lugar até perdeu metade do sal.
Mas há uns poucos dias que ela resolve mostrar o seu peso de chumbo, engorda até parecer que vai explodir e nessa explosão afogar todo o corpo no seu húmido cinzento. É preciso falar com ela num longo e terno diálogo, aquietá-la, empatá-la com falas mansas, piscar-lhe o olho. E quando por fim sossega, é possível ter a certeza que a vida em mim é mais feliz do que triste.
E as cegonhas rasgam os céus majestosas no crepúsculo frio, atravessando o meu horizonte na estrada do Alentejo, e tenho um pensamento bom, penso na maravilha que é um pássaro tão pesado poder voar assim.
Mas há uns poucos dias que ela resolve mostrar o seu peso de chumbo, engorda até parecer que vai explodir e nessa explosão afogar todo o corpo no seu húmido cinzento. É preciso falar com ela num longo e terno diálogo, aquietá-la, empatá-la com falas mansas, piscar-lhe o olho. E quando por fim sossega, é possível ter a certeza que a vida em mim é mais feliz do que triste.
E as cegonhas rasgam os céus majestosas no crepúsculo frio, atravessando o meu horizonte na estrada do Alentejo, e tenho um pensamento bom, penso na maravilha que é um pássaro tão pesado poder voar assim.
~CC~
2 comentários:
No AlenTejo
todos os pássaros
são leves
Talvez...talvez se possam tornar leves.
~CC~
Enviar um comentário