Há muito que o silêncio tinha tomado de vez as tuas poucas palavras, embora as coisas poucas possam ser muitas, se têm com elas o vermelho das papoilas. Voava num fim de tarde sereno, em busca de letras unidas pelo cimento único da poesia, como se esse mel, uma vez bebido, me pudesse restaurar todas as células. E vi de repente a tua casa pendurada no arco-irís, moravas entre a risca cinzenta e a risca amarela, num oscilar bem condizente com o teu coração pendular. E mesmo sem teres posto o teu nome à porta, substituído por uma placa que dizia piquenique no azul com cerejas, saberia que eram tuas as palavras de tinta rubra, espreitavas por cada uma delas invisivel, com os teus olhos tristes e o teu sorriso alegre, e a sabedoria própria dos gatos que aprenderam a voar.
domingo, abril 11, 2010
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