Incêndio. Um pequeno descuido na protecção dos dias fez um olhar tropeçar no teu. Impossível estancar a labareda, ela cuidou de se propagar pelo corpo todo, e uma vez ardido, foi possível ter a exacta proporção da sua intensa desvastação. As cinzas nem sequer tem história.
Fogueira. Vieste atear a duas mãos o que não se sabe se irá pegar, poderá ser breve, ou durar. Aquece enquanto dura, e por vezes parece não resistir à humidade contida em certas lágrimas, outras vezes a sua chama é tão forte que ilumina o escuro. Deixará cinzas, mas poderemos apanhá-las, e nesse acto de as deitar fora, encerrar a história.
Vela. Sem que desse conta, um beijo um pouco mais ao lado quase chegou aos lábios. Arde devagar sem se dar por ela, como uma caricia meiga que perdura por mais tempo do que se pode algum dia imaginar. No seu ondular doce, aquece sem doer os sentidos, e deixa o sabor doce do mel. Com os restos da sua cera podemos moldar novas histórias sem dor.
Caixa de fósforos: Vieste e foste no silêncio, deixando apenas na conjectura do olhar os desenhos de um amor possível. Um amor sempre impossível. É precioso o que julgamos poder acender sempre, e triste porque sabemos que nunca o faremos. Perfeito será sempre, e um dia será nada, os fósforos gastos pelo pó do tempo não mais poderão ser lume.
Também se poderia intitular a extensão e profundidade das cicatrizes, mas seria um título mais triste.
~CC~
1 comentário:
E o isqueiro?
Daqueles BIC que não podemos segurar muito tempo acesos porque nos queimam logo os dedos?
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