Ele estava parado no meio da rua e segurava um menino de uns 4 anos pela mão. E dizia-lhe: era ali ao fundo a escola do pai, vinha a pé todo este caminho, estás a ver aquela subida como é grande? E o pai fazia tudo isto...E o menino não dizia nada, bem seguro pelo pai, só entendia do que ele lhe dizia o calor da sua mão.
Nunca sigas ninguém que não conheces, digo à minha filha, quando ela me diz que o melhor modo de ensinar um caminho a um estrangeiro é dizer-lhe que nos siga. Mas aqui era ao contrário, mãe, não era eu que seguia alguém, mas essa pessoa que me seguia. Não, nunca, digo com muita força. E depois digo-lhe mais, conto-lhe uma história enterrada na areia funda, mergulhada no escuro da infância, no mais escuro dela. Ela ri da minha estupida inocência de sete anos. E percebe o quanto eu tive sorte, uma sorte absolutamente e maravilhosamente inexplicável dentro do azar tremendo. Mas ela não sabe que eu penso milhares de vezes que se me salvei de uma coisa assim, posso afinal conseguir salvar-me de mais, que afinal uma coisa má me ajuda a viver, a superar, a ultrapassar-me. Que podemos transformar as coisas más em força motriz para coisas boas.
Mas a coisa mais importante a saber é que se lhe der a mão posso passar por ela este calor. E este calor também é uma força motriz.
~CC~
1 comentário:
É preciso avisar toda a gente
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