segunda-feira, novembro 22, 2010

Dias que fogem



Passeiam os olhos na água dos canais, nessa luz queria dissolver todas as sombras, guardar certos brindes a vinho vermelho e abraços quentes pela manhã fria.

O tempo, esse maldito, escorrega ligeiro entre as mãos, e há segundos tão bons como os doces de ovos da cidade dos últimos dias, fica na boca o seu sabor.

Outros segundos são como o próprio céu, carregam-se de repente de negro. São esses todos os segundos das coisas por fazer, das coisas já feitas que aparecem desfeitas, da incerteza que certas coisas transportam para dentro do nosso sangue.

Da água dos canais, dos barcos ligeiros de muita cor, das aprendizagens sobre bacalhoeiros, dos filhos dos amigos já tão crescidos, do olhar de Pilar e José, pela ordem inversa, ou pela ordem importante da desordem que é o que mais me transborda.
~CC~


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