segunda-feira, setembro 14, 2009

Branco (II)

Branco deveria ser o nome do livro de Siri Hustvedt, que na verdade se intitula "Elegia para um americano". A escritora, apesar de ter identidade que sobre, figura sempre, mesmo que disfarçadamente, como mulher de Paul Auster. É um romance psicanalítico, categoria literária inexistente mas a que melhor serve a esta obra. Não é portanto fácil de ler, é preciso gostar de sombras, de sonhos, de memórias e sobretudo de ler sinais, coisas pequenas que deixam trilhos da maior importância.

Mas há muito que não lia alguma coisa que me deixasse tão inquieta e tão desperta, que tão bem falasse da ténue separação entre estar de saúde e estar louco, do bocadinho de amor e de ódio que cada um guarda, da cabeça a pensar uma coisa enquanto as palavras têm forçosamente que dizer outra. A mentira e a dúvida são como um spray corrosivo capazes de minar qualquer relação, mesmo que elas se localizem num passado distante mas, ao mesmo tempo e lado a lado, há elos, como a mão que une o irmão à irmã, que são como poeira de luz.
~CC~

1 comentário:

via disse...

não conheço, do Auster não gosto muito mas da psicanálise acho-a uma leitura (ainda que muitas vezes errada) necessária para quem está curioso com os nós que vamos dando sem querer.