Concentro-me nas garrafas que navegam oceanos inteiros até às mãos de alguém.
Concentro-me nos rostos dos meninos prisioneiros da violência do mundo, a tentarem ainda sorrir.
Concentro-me nas gotas de água que no deserto chegam para alguém sobreviver.
Concentro-me no homem que não quer deixar o seu telemóvel pessoal mesmo sendo presidente da maior nação do mundo.
Concentro-me na vida do escritor que descobri recentemente e que em tudo me ilumina: é nómada, tem dupla nacionalidade, diz não gostar de dinheiro. Concentro-me no seu bloqueio de escrita anos e anos, mudo pelo silêncio dos índios com os quais viveu.
Concentro-me na alegria das histórias que nascem tecidas entre mim e os alunos e dos cenários de alegria que montamos em lugares desolados. E pergunto o que levarão destes dias, destes tempos, o que está para além no número na pauta.
Concentro-me nos pequenos almoços de Domingo, quando fazemos panquecas e as comemos ensonados de pijama e me sinto em paz.
Quando as notícias são más, tenho os meus truques de não entristecer, de não adoecer de tristeza.
~CC~
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