terça-feira, janeiro 15, 2008

Nariz(es)

Ela falou baixinho sobre aquele menino hiperactivo, baixinho do mesmo modo que lhe estende a mão todos os dias. Numa outra sala seria o terror, ali é apenas um rapaz com excesso de energia. Não se lhe dá comprimidos para o adormecer, procuram-se corredores para que essa energia se possa canalizar como lugar de luz em vez de noite escura. Escreveria sobre todos os outros, não fora ainda saber deles tão pouco, não fora eu ser uma visita.


Os meninos e meninas, nos seus 6 anos acabados de acontecer, escrevem nos papéis que colam nas paredes para que serve o nariz, essa obra que parece inacabada no meio do nosso rosto.
Com o nariz posso:
...sentir o cheiro da terra molhada
...cheirar o bolo a cozer no forno
...sentir o cheiro da camisola lavada
...sentir o cheiro do pão quente


E o nariz, entre os meus dois olhos, torna-se de repente obra acabada de valor pleno e esplendoroso.
~CC~

2 comentários:

Anónimo disse...

as minhas memórias, têm quase todas a ver com cheiros...

CCF disse...

Marta, inesquecíveis alguns deles! :)