A casa aumenta e encolhe de tal modo que não se sabe se é um palácio ou uma cabana de praia, se se é grande ou se se sufoca nela. E fala de mais ou cala-se num silêncio que ensurdece. Tanto tem cheiros intensos que só fugir dela até um lugar neutral sem apetite ou é inodora nas prateleiras da dispensa vazia e na preguiça que se acumula na vontade de dormir antes que a fome aperte. E as divisões ora estão lisas como uma terra sem flores ora se enchem de Primavera. A casa não é realmente nada, não obstante as janelas que dão para os castelos, são assim as casas novas, despidas do pó da memória. É no dia a dia que a história vai enchendo cada casa de uma alma única e as mais velhas tem inscritas nas paredes as mãos das crianças que ali se tornaram grandes. São essas inscrições que não têm preço.
Um lugar, cujas raízes enfiadas na terra, permitem ter sempre flores a crescer no quarto. Habitada pela infância, a porta grande de madeira verde que nunca estava trancada. Tenho uma casa a morar dentro de mim.
~CC~
2 comentários:
Isso é o que eu chamo o "espírito da casa".
Se sairmos dela e passados anos voltarmos a vê-la, somos como publico numa plateia, assistindo à peça de teatro que nela vemos desenrolar-se. Em cada canto, em cada quarto desenrola-se o passado, umas vezes feliz, outras trágico, mas que foi o nosso.
Por vezes doi o espírito da casa.
Bj
É mesmo isso Maria :)
Bjs
~CC~
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