Saíram manhã cedo em direcção ao bairro cigano, um Técnico de Serviço Social e um Educador Social, parte integrante de um agrupamento que dados os seus resultados desastrosos em termos de sucesso escolar, passou a ser um território educativo de intervenção prioritária(TEIP). A directora de turma tinha dado o primeiro alarme: a menina cigana de 12 anos que o ano passado já ameaçara desistir, estava a faltar outra vez. E foram recebidos de braços abertos pela comunidade que lhes explicou que a menina tinha passado a frequentar a escola da Igreja porque essa era dentro do bairro. E a informação à escola, perguntaram? E a legalidade da situação? E lá foram falar com o pastor. Antes disso, já tínhamos estado a conversar sobre os alunos ciganos que estão no Curso de Educação e Formação de Jardinagem, mas gostam é de música, e são bons. Algo está mal quando não os encaminhamos bem, porque é que a jardinagem terá mais saída profissional do que a música?
Falo pelas escolas onde ando, por aquelas com quem colaboro, por quem vou tecendo a admiração que nasce de muitos buracos negros, que sobrevive do desespero, e quantas vezes do meu próprio desespero. O que é diferente agora? O que é diferente do tempo em que eu andei na escola? Diferente é apenas isto: juntamo-nos, fazemos perguntas, não aceitamos o abandono, a desistência, o insucesso. E se sabemos que a escola não pode fazer tudo, pensamos sempre que pode fazer alguma coisa.
Falo pelas escolas onde ando, por aquelas com quem colaboro, por quem vou tecendo a admiração que nasce de muitos buracos negros, que sobrevive do desespero, e quantas vezes do meu próprio desespero. O que é diferente agora? O que é diferente do tempo em que eu andei na escola? Diferente é apenas isto: juntamo-nos, fazemos perguntas, não aceitamos o abandono, a desistência, o insucesso. E se sabemos que a escola não pode fazer tudo, pensamos sempre que pode fazer alguma coisa.
E são assim as escolas e os professores que contribuíram activamente para melhorar os resultados dos nossos alunos no PISA, não foram os ministros, nem os secretários de estado. É a mensagem, a força com que a mensagem nos entra no sangue e nos faz ter garra. E mesmo se por vezes desistimos, cansados, fartos, exaustos. Venham os arautos do ensino de elite dizer que eles agora não aprendem nada. Mas os testes não avaliam os saberes? Não têm a legitimidade do "teste internacional"? Não é a mesma entidade que antes nos colocava na cauda da Europa?
Emociono-me sempre que um professor não desiste, e é verdade, às vezes é só o que apetece.
~CC~
Nota: Tenho algumas reticências quanto aos resultados escolares medidos por testes como o PISA, caso eles sejam os únicos instrumentos para nos vermos. E por isso, relativizo-os de algum modo, mas não os anulo ou ponho totalmente de parte. Valem o que valem, e valem alguma coisa.
3 comentários:
Olá CC---
Hoje venho antes de mais redimir-me pelo erro crasso. Las palabras.
Vê-se bem que sou do Norte!
Quando ando mais cansada faço destes atentados à nossa querida lingua. Que me desculpem os Mestres.
Araço
Clorinda, na verdade não dei por ele. Las palavras é tão bonito...que se risquem as fronteiras.
Abraço
~CC~
Já somos duas a partilhar essa emoção!!
:-)
Bjs grds
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