Duas mulheres passeando entre as hortaliças e as frutas mal a manhã acorda são capazes de passar da crise do país às maleitas do seu corpo e aos aparelhos dos dentes para os filhos. Sao duas formigas amealhando o pão, ciosas do seu mundo, capazes de o defender contra as tempestades, todas elas e até a crise, esse bicho escuro que já tratam por tu. Discutem como poupar como se estivessem nas Tardes da Júlia (é assim que isto existe, ainda existe?)
Olho-as a pensar como amam elas, olho os seus corpos a pensar nas carícias que eles podem receber e não consigo imaginar. Talvez afinal se transfigurem e cantem como cigarras. Talvez não amem, fechem só os olhos no escuro da noite, como se estivessem afinal na mesma função que cumprem tão escrupulosamente manhã cedo, no supermercado.
Formigas, quem sabe cigarras escondidas.
~CC~
1 comentário:
«...escrupulosamente...», pois, tem que se lhe diga, ou nem isso
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