terça-feira, setembro 28, 2010

Da minha árvore

Uma frase curta, a medo ainda. Sabe se há uma casa à venda, mesmo pequenina, tem que ser é perto do chão, e tem que ter quintal. E não se esqueça de uma árvore no quintal, daquelas que falam com a nossa solidão. E não quero prédios em volta, apenas o silêncio do céu grande e azul.

Devia pensar na vida, mas é na morte que penso. Não lhe posso dizer mais, muito mais. Não lhe posso dizer da dolorosa consciência do que é a morte a aproximar-se num hospital público. Das lágrimas que só por momentos cairam grandes e grossas. Da forma como a morte ronda as camas e se infiltra a cada momento nos olhares tristes daqueles que ainda abrem os olhos. Olhamos todos a nossa própria morte quando se aproxima a daqueles que nos são próximos. Preciso assim de uma árvore e de um quintal. E de umas mãos que me possam tocar até ao fim sem medo da pele gasta e velha que terei.

Poderei trabalhar mais e mais, mais e mais. A bem da árvore, dos diálogos que terei com ela. Por momentos imagino tambem o riso das miúdas, e um sabor a manjericão, como se um resto de alegria pudesse infiltrar-se em toda a minha tristeza.
~CC~

2 comentários:

Margarida Belchior disse...

Todos procuramos a nossa árvore ...

Their tree

:-)

Bjs grds para ti e para cada uma das manas

Margarida Belchior disse...

Todos procuramos a nossa árvore ...

Their tree

:-)

Deste lado, bjs grds para ti e para cada uma das manas