quarta-feira, maio 05, 2010

Pequenas asas

Estava sempre a repetir perante a insistência da professora face à demonstração da sua preguiça: não quero ser um escravo. Não era frase para um miúdo de 14 anos, que a atirava ao mundo como um tratado de filosofia para pobres de alma ou como uma terapia para dependentes da economia de mercado. Anos depois lá estava a arrumar carros, e quando a professora estacionou diante dos seus olhos, foi a correr abrir-lhe a porta com orgulho: está a ver, não me tornei num escravo! E o que és então? Perguntou-lhe a professora curiosa. Eu, respondeu espantado com a questão dela, eu sou um ser humano. Mas na verdade pequenas asas cresciam-lhe no lugar dos braços.
~CC~

2 comentários:

Mar Arável disse...

Muito belo

este saber voar

via disse...

seria então um anjo!