Eis os teus olhos mortos de cansaço
o teu coração riscado e apodrecido
a tua voz sumida
as mãos trémulas.
Eis o teu corpo minado
as tuas palavras desconexas
o teu andar bambo
a tua memória lacunar
E quase nada para te dar
um carinho escavado no que resta
uma mão que mal se consegue encaixar na tua
um esforço para te agarrar
Eis o tempo a enegrecer a tua alegria
a doença a minar a tua autoridade
a pobreza a rondar-te a casa
a alucinação a esboroar-te o pensamento
E quase nada para te dar
uma sopa de supermercado
pão e queijo
talvez um bolo
o que resta do que poderia ter sido um abraço.
~CC~
quinta-feira, maio 27, 2010
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4 comentários:
Este poema é todo ele um enorme abraço.
Haveria de gostar de saber que no que resta do mundo ainda cabem poemas...
Beijo
*jj*
de uma grande sensibilidade
e ternura
Bj
Só posso concordar com o JjS. Este poema é um grande abraço, é muita da ternura que talvez julgues que não consegues mostrar, é o que as palavras dizem e também o que sentes e elas não recuperam.
Um abraço aqui deste mar de pedras... :)
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