quarta-feira, outubro 28, 2009

A tristeza


É a tristeza, uma cola pegajosa que fica na nossa pele e não sai com a água do banho. É a tristeza, um torpor que vem de dentro como um frio que nos amarra os músculos. É a tristeza, aquela cortina de fumo que nos esconde e torna feios os nossos olhos. É a tristeza, uma morte sem corpo nem doença que nos agarra quando o Outono traz assim tão cedo as noites. É a tristeza, esse não gostar de nós que nos acaba a não gostar do mundo.

Não gostar do que em mim é falha e erro, por mais humano que seja.
Não gostar de um mundo em que há um atentado sangrento no mercado como houve hoje no Paquistão.

Não gosto de ficar assim colada à tristeza.
~CC~

3 comentários:

via disse...

sim a tristeza é isso, o torpor, uma negação constante e surda. Ser triste ou estar triste, no teu texto parece que se confundem e confundem-se de facto.

Catarina disse...

O pior é o egoísmo da nossa tristeza. Ao mesmo tempo que nos entristecemos com ataquues sangrentos e guerras que não vemos, afundamo-nos nas nossas pequenas lamúrias; trazemos, de facto, a tristeza colada à pele, e sempre aquela que é mais nossa, a mais egoísta, a menos compassiva.

CCF disse...

Via, ser triste é mais forte, mais profundo, é carregar sempre esse peso. Comigo não é assim, embora pense que há sempre um bocadinho de tristeza em mim, mas é só um bocadinho :)

Catarina, sim...de certo modo. Ou serão tristezas diferentes...não sei bem.

Gosto de pensar também na tristeza como ponte, motor e força. Se ela por um lado é inacção e prisão, por outro é desejo de transformação.

Gostei muito dos vossos comentários, fiquei a pensar no que diziam.

~CC~