É a tristeza, uma cola pegajosa que fica na nossa pele e não sai com a água do banho. É a tristeza, um torpor que vem de dentro como um frio que nos amarra os músculos. É a tristeza, aquela cortina de fumo que nos esconde e torna feios os nossos olhos. É a tristeza, uma morte sem corpo nem doença que nos agarra quando o Outono traz assim tão cedo as noites. É a tristeza, esse não gostar de nós que nos acaba a não gostar do mundo.
Não gostar do que em mim é falha e erro, por mais humano que seja.
Não gostar de um mundo em que há um atentado sangrento no mercado como houve hoje no Paquistão.
Não gosto de ficar assim colada à tristeza.
~CC~
3 comentários:
sim a tristeza é isso, o torpor, uma negação constante e surda. Ser triste ou estar triste, no teu texto parece que se confundem e confundem-se de facto.
O pior é o egoísmo da nossa tristeza. Ao mesmo tempo que nos entristecemos com ataquues sangrentos e guerras que não vemos, afundamo-nos nas nossas pequenas lamúrias; trazemos, de facto, a tristeza colada à pele, e sempre aquela que é mais nossa, a mais egoísta, a menos compassiva.
Via, ser triste é mais forte, mais profundo, é carregar sempre esse peso. Comigo não é assim, embora pense que há sempre um bocadinho de tristeza em mim, mas é só um bocadinho :)
Catarina, sim...de certo modo. Ou serão tristezas diferentes...não sei bem.
Gosto de pensar também na tristeza como ponte, motor e força. Se ela por um lado é inacção e prisão, por outro é desejo de transformação.
Gostei muito dos vossos comentários, fiquei a pensar no que diziam.
~CC~
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