Há muito que espreito curiosa as nuances do seu crescimento. Espanto-me por vezes, fico entre o orgulho e a comoção. No início do Verão foi o silêncio que nos pediu para ouvir uma reportagem que passava na rádio sobre os meninos da guerra. Durou cerca de uma hora, iniciada no carro e terminada em casa, subiu as escadas a correr para a acabar de ouvir. Foi um outro mundo que lhe bateu à porta, esse onde as crianças não vão à escola e em vez das letras, aprendem a matar. Ontem foi o discurso que o Obama fez no início do ano lectivo nos EUA, vinha entusiasmada com a leitura colectiva que estavam a programar na turma. Leu a parte dela, logo os dois primeiros parágrafos com um tom de voz bonito e emocionado. Espanto-me desde os seus primeiros passos, mas a caminhada continua a ser um espanto.
Tomava café bem cedo pela manhã quando eles surgiram no vidro amplo, enquadrados por um nevoeiro matinal que os recortava como silhuetas prontas para a fotografia. E eu tirei-a com os meus olhos. Um homem e uma mulher bonitos, na casa dos trinta anos. Vinham abraçados rindo baixinho, saindo de casa pela manhã. Saiam de casa abraçados como só os amantes fazem, prologando o amor da noite, o calor dos corpos. Vinham pela manhã com a certeza de que se amavam, de que o seu amor era aquele abraço com que entravam no café. Espantou-me a fotografia do amor pela manhã, o seu abraço cheio dele.
~CC~
3 comentários:
Extraordinários "riscos" de amor, os teus!
:-)
Mil agradecimentos por os partilhares por aqui.
Bjs
Menina, escrever é um prazer! Obrigado por vires.
~CC~
Hoje é que lemos o discurso do Obama :D
Enviar um comentário