A poupança talvez fosse uma forma de domar a crise, esta crise, todas as crises, as minhas, por exemplo.
Eu poderia ter um telemóvel que me poupasse em sms a mais em certos dias e as enviasse noutros, trocando inteligentemente datas e emissários, um up grade de tecnologia verdadeiramente portadora de felicidade em vez destes objectos inertes que só funcionam por comando. Nos dias e momentos necessários, o equipamento enviaria por sua iniciativa vários amo-te rapariga.
Eu poderia enrolar os crepúsculos em certos dias para os desenrolar dentro de mim nos outros em que a névoa os obscurece. Um crespúsculo dos mais belos poupado nos dias felizes, quanto esplendor poderia trazer nos dias maus.
Eu poderia abrir uma conta poupança de beijos num banco que jamais fosse à falência, para os poder tirar nos dias de boca seca e de lábios ausentes.
Eu poderia fazer render muito mais certos momentos de êxito em que os sorrisos em torno de mim são tantos, poderia congelar um sorriso e depois descongelá-lo para servir ao jantar.
E os aplausos, oh quanto os aplausos vindos de certas mãos poderiam ser milagrosos quando o espelho teima em devolver-me um rosto sem pingo de encanto. Poderia transformá-los em pó e depois soltá-los em frente ao espelho para ver como eles me transformavam em nada menos que Juliette Binoche.
Como nunca soube nada de poupanças, só resta ir ao fundo encontrar uma migalhas e transformá-las em qb de sol. Devem durar e fazer-me chegar até dias mais felizes. E quando lá chegar, aí testarei todas as artes possíveis de arrecadar, congelar, condensar. Uma formiguinha totalmente previdente, uma artista a domar qualquer crise, perita a calar qualquer sinal de mal estar, uma engenheira pronta a desecantar qualquer solução. Nunca mais ficarei triste.
~CC~
4 comentários:
Isso anda mal, rapariga!
E haverá também uma versão, em azul, para dizer "Amo-te rapaz?"
Bjs
J.
Cristina, era só um texto sobre economia e crise e esses temas tão actuais :)
J, vou encomendar! :)
Bjs
~CC~
Belo sonho
é preciso ter razão
mas não basta
Não se poupe
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