segunda-feira, setembro 01, 2008

Despedida

É Setembro, mês de entristecer com os fins de tarde de vento gelado na praia. É Setembro, lugar de partida dos almoços ruidosos de fato de banho e chinelos em torno do peixe fresco e das sobremesas vermelhas. Fecham-se as casas de praia, lavam-se as toalhas, traz-se um casaco para a noite. É Setembro, encerram devagar e pouco a pouco as festas nos castelos, nas praias, nos jardins, o jazz no coreto. Poderia morrer em Setembro com esta tristeza que é o Verão a terminar, não fora ter nascido neste mês. Concentro-me na alegria que pode sobrar.

Este é o mês das sementes a tentar absorver o máximo de água e o que sobra do calor do sol para poderem emergir, sair da casca. Nas mãos gretadas e de unhas amarelas que as deitam ainda à terra, nas máquinas que as cospem a toda a velocidade, há a esperança que possa haver vida num pequeno nada. É em Setembro que se colhe ao mesmo tempo que se semeia, que as uvas chamam as abelhas ao mesmo tempo que os passáros tentam roubar as sementes aos agricultores e eles os espantam com bonecos que parecem homens. É a vida a romper debaixo da terra, mesmo que o vento teime em levar as folhas.

~CC~

3 comentários:

clorinda disse...

C'est en septembre
Quand les voiliers sont dévoilés
Et que la plage, tremble sous l'ombre
D'un automne débronzé
C'est en septembre
Que l'on peut vivre pour de vrai
...
O verso é de uma bonita música de Gilbert Bécaud, pensei nela o dia todo, a sua bonita "Despedida" trouxe-a a propósito.
Abraço amigo
Carpe Diem :)...e bom Setembro
clo

CCF disse...

Bem bonito, Clo! Obrigado
~CC~

sem-se-ver disse...

setembro é o meu mês preferido.

se nele nasceu, tanto melhor!!! :-)