segunda-feira, janeiro 07, 2008

A ardósia da escola primária

São apenas duas salinhas num bairro de periferia, outrora ficava no campo.


Chegou o tempo de entrar devagarinho nas salas de aula para me inebriar com as ardósias e os riscos pequeninos que os meninos fazem nelas. Nem sempre este papel é fácil, por mais que não queiramos sabemos que as mãos e as vozes lhes vão tremer ligeiramente, conheço-lhes o olhar na estagiária que um dia também fui.


Dois dos meninos abraçaram-se a mim no final: uma menina muito magra e pequena com olhos redondos e pretos e um menino cigano, grande e desengonçado. Dois abraços que não esperava assim na primeira vez. Só as crianças nos conseguem dar abraços destes sem nos conhecerem.

Amo presenciar a aprendizagem a acontecer enrolada no riso da infância, mesmo quando ela traz também dor, quando é difícil. E aqui, a aprendizagem acontece no meio dos pedidos insistentes de leite no balanço do final do dia. Há lugares assim, em que o leite da escola é ainda o consolo maior do fim de tarde.


Ficam-me os abraços de meninos assim ao primeiro olhar.
~CC~

Sem comentários: