terça-feira, dezembro 25, 2007

Luzia

Dias inteiros de pausa dos dias cheios. Dias cheios que trazem inteiros outro tempo. Cobre-nos o frio deste torpor de risos e choros de quem está por perto da pele e dentro do nosso sangue. É ainda o mesmo tempo que sempre partilhámos, as sobremesas que anos e anos foram sempre estas e no entanto somos já outros, outras são as companhias e as solidões. A alegria está sobretudo em nos termos, desce do coração aos presentes trocados e às birras e canções das crianças. Também eu tive direito a uma canção azul como ardósia para molhar os olhos. Tenho uma família grande e generosa que está sempre a mudar a cada ano e a cada vento. Este ano vieram mais quatro rapazes, um por nascimento e outros três por adopção amorosa, que é um óptimo modo de aumentar a família. Tudo o que me chega é é infinitamente maior do que os reis magos levaram ao menino Jesus, não obstante gostar de incenso. Estou muitas vezes verdadeiramente feliz.

A tristeza está dissimulada dentro de mim, quase a julgo inexistente e acorda ao esbarrar nas portas fechadas dos cafés das cidades no dia 25 de Dezembro e aparece fugazmente no cruzamento com os olhos transparentes das almas que deambulam sós nestas noites em que a solidão é quase uma tragédia, há rolos de escuridão que me atravessam por alguns minutos, um frio que chega de todos os lugares negros do mundo. Dizes que eu não sei ser só feliz e que a tristeza está sempre a espreitar dentro de mim e acho que tens razão. Mas é só um manto pequenino que cobre de quando em quando o meu olhar, por causa dela é que sei rir.


Eu sei que a luta que cada um trava pode ser às vezes esta capacidade de fazer a festa.

~CC~

3 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

e podia lá haver alegria se não houvesse tristeza ;)

Anónimo disse...

A Cristina tem razão.
Sem tristeza o que seria da alegria?


beijinho

João Torres disse...

Gosto mais de te ver rir...

Abraço
João