sábado, setembro 03, 2011

É Setembro


Como pude eu nascer num mês em que o Verão se despede?

Nasci no hemisfério sul, logo estou perdoada, está tudo explicado. Em Setembro, por lá não há despedida do mar. Um banho de mar é um milagre.

Mas aqui e agora é a nostalgia da retoma dos dias, e esta sombra que teimam em impor-nos.

Nas ruas não há protestos, mas dentro de nós há uma agonia teimosa a inflitrar-se entre o aumento do IVA, o desconto dito solidário no 13º mês e o fim das deduções na área da Saúde e da Educação no IRS. Ainda fico a pensar no que terá o governo contra os solteiros...a bem da familia, pois. As reportagens da crise, todos os dias, a toda a hora. E essa pergunta teimosa a martelar-nos, o que vamos exactamente fazer, para onde estamos a ir? E ninguém a responder, nada de convicente.

O ano começa bem, reunião de emergência para análise dos cortes na área da Educação que afectarão o orçamento da escola. A minha empregada que se foi embora no final do Verão ao final de apenas um ano de estadia, depois de anos a fazer tudo sozinha. A miúda com aulas de tarde no 10º ano, a adivinhar uma curiosa luta pelas manhãs.

Não, nem pensem que vou despedir-me do Verão. Ou se for, é muito lentamente.

E ainda esta palavra de combinação com Outono : resiliência.

E esta outra: grito. Grito, mesmo baixinho. Depois respira-se melhor.

~CC~





1 comentário:

Anónimo disse...

É preciso resistir. E até nos podem roubar grande parte do que ganhamos a trabalhar; o que não podemos permitir é que nos roubem a esperança. É o que vem acontecendo nos últimos anos: primeiro, subtil e insidiosamente, agora, brutal e descaradamente. Os mais novos já não vão saber nada das aveniddas de esperança que abril abriu, porque elas foram sendo ocupadas por oportunistas (os mesmos de sempre e mais alguns)que aí montaram cancelas. Agora quem quiser esperança, paga portagem.