quinta-feira, dezembro 16, 2010

Baloiço, balanço...

Este foi o ano
em que morreu uma parte de mim
que ainda desconhecia
um pai acabado de chegar

Foi este em que por quase nada
te perdi no sufoco
de seres gato e eu lebre e eu cabra
no Agosto mais quente da memória

Este foi o ano
em que o quase foi sempre
a palavra ao pé da boca
trava-línguas amargo-doce

Quase arranjei um amigo
suave e sensível
uma noite de Verão que prometia estrelas
mas se escondia delas se fossem cadentes

Quase acabei uma tese
mas mastiguei-a demais
e está enroscada entre o coração pardo
e a garganta rouca

Este foi o ano
do seu crescimento maior
a minha roupa deixou de servir
e a dela é sempre pouca

Soube também dessa fatalidade
O mundo está em crise
e ela é bem maior que a minha
cujas sombras sucumbem na Primavera

Foi este em que quase fui feliz
mas nisso foi igual a tantos outros
um quase brilho sempre a fugir
e eu em mergulho atrás dele

E é cedo ainda
nem chegámos ao Natal
e eu já de volta das passas.
Deve ser essa explicaçao do quase.

~CC~

PS. Sabias que as estrelas cadentes são também conhecidas como “lágrimas de São Lourenço”?
(ver aqui)

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