Uma mulher e três vidas, só na última um sopro de amor. Marcada pelos maus olhados cunhados nos mistérios com que o mundo rural olha para a vida, o azar chega-lhe pelo nascimento. Será a única rapariga entre rapazes, e apesar de muito pequena, é forte como uma vara que o vento é incapaz de quebrar. A tudo resistirá e ainda fará fortuna.
É espantosa a forma como o Teatro Mosca conta a história dela, com elementos cenográficos simples mas eficazes, um conjunto de bocados de madeira que se articulam para fazer mesas, montes, casas, abrigos. Actores muito novos, muito bons. Uma actriz a registar, de uma segurança absoluta na contenção da dor, um rosto permeável, capaz de se deixar escrever a todas as emoções. Dizem que ganharam um prémio em França, fico a pensar como será mais difícil que o ganhem aqui.
De Sintra para Faro, da Mosca para o CAPA, fora dos roteiros onde a mundanidade se constrói em círculo. É como ir ao cineclube em vez de ir ao cinema do centro comercial. É respirar outro ar. Infelizmente são estes, os melhores, os menos conhecidos, que costuma tombar com as crises. As telenovelas essas continuam. O bairro alto também.
Mas há mais vidas, como com Lucie, um dia as pequenas coisas trinfurão, não por serem pequenas, mas por habitarem a singularidade do espectáculo fora do espectáculo.
~CC~
segunda-feira, dezembro 13, 2010
As três vidas
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