sexta-feira, novembro 26, 2010

Oficina das letras

Tinhas saudades deste canto de silêncio e solidão onde bordo a linhas de cor, onde pego em farrapos e faço mantas. As vezes tropeço e o bordado fica torto, a manta com um trapo mal combinado. Momentos há em que sei que a renda para o altar jamais o cobrirá a tempo, deve ser o diabo a querer impedir a missa. Noutros momentos tudo se parece estender como as noites de Verão iluminadas a estrelas, e a alma fica limpa e as palavras saborosas como beijos pequeninos.

É claro que a academia jamais pode saber que para mim a tese de doutoramento é apenas artesanato. Para eles não sou bordadeira, nem tecedeira, nem fiadeira, nem nada que se pareça a um oficio feito mais com as mãos do que com a cabeça. A academia não pode saber que a piada disto só está no desenho possível que as linhas podem ter.

~CC~

2 comentários:

Margarida Belchior disse...

... tenho pena que não queiram saber! ... nem conseguem assim perceber o que perdem!! ... nem sei bem como conseguem sobreviver sem saber isto!

:-)

Bjs grds e bom fds

R. disse...

Absolutamente de acordo. As teses de Doutoramento só sub-repticiamente são 'bordadas'. O produto é mais 'martelado' que 'esculpido'. Mas o processo, felizmente, é tecido ao gosto e sensibilidade do artesão.