quinta-feira, outubro 07, 2010

Terra

Imagino que és tu a terra onde posso morar. Se abrires bem os braços e me puderes abrigar de todos os vendavais, talvez possa adormecer tranquilamente dentro do teu calor. Estou cansada.

E não é um rosto perfeito, um corpo bonito, um arquitecto do saber, um encantador de palavras. É apenas uma alma grande, aberta ao mundo, tombando no equilibrio precário das coisas para se erguer árvore em qualquer Primavera. O que é forte e pode ser também frágil. O que sabe rir sabe chorar. Deixa-te ir, ser. Deixa-me ir, ser.

Imagino que sou terra onde podes morar. Se abrir bem os braços talvez te possa acordar para esses rios que te correm dentro, às vezes presos e outras fluindo a campo aberto, fertilizando as searas. Talvez te possa adormercer tranquilamente dentro do meu calor. Estás cansado.

Beijos primeiros. Beijos em primeiro.

Terra, este existir para existir mar.

~CC~

2 comentários:

Ana Pires disse...

Olá Ardósia:
O seu texto é muito bonito...muito
cheio de sentimentos.
Gosto da forma como enaltece a terra...como ninho seguro que nos
acolhe...
Obrigada
Ana Pires

Gregório Salvaterra disse...

Germinar. Germinal é caminho também de terra. E de água. É o partir, o ir (às vezes com um rio na algibeira como o poeta), apesar das margens, abraçados a todas as incertezas e cobertos desse manto de esperança capaz de florir em cada dia num belo sorriso.
Não sei bem de que terra sou. Talvez seja da água. Das águas.
São água, ainda, os meus olhos quando te lêem entre as linhas.
Braços abertos.

Beijo
*jj*