A sombra pode ser qualquer coisa que nos aparece no momento em que nos sentimos felizes. Uma mancha que começa por ser pequenina e quer aumentar. E nós lutamos com ela. A vida é, para alguns, um lugar de muita luta.
O receio é baixar os braços, desistir. As insónias insinuam-se.
É Outono, já há fumo de castanhas pela rua, um manto de friozinho que ainda não corta a pele, cheiro a mosto que vem do campo. E cá dentro a força dos teus abraços. Uma luz nas letras com que bordo o trabalho. Os sorrisos da miúda tão vivos. Não pode a sombra apanhar-me neste momento. Afasto-a. Mas ela não parece ser só sombra, quer ganhar contornos, ser matéria, insinuar-me no meu corpo. A sombra não pretende ser só melancolia, tristeza, parece querer ser real, avançar pelo lado mais frágil de mim.
Não pode, não pode.
~CC~
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