terça-feira, junho 29, 2010

Meio coração e mais um bocadinho

Penso em mim como tendo metade do coração brasileiro e a outra metade africano. É assim quando se nasce em Luanda, e se tem (ou teve) meia família no Brasil. Acresce o fascínio pela terra vermelha que só África tem, e por esse falar cantado que inventou mais bela a Língua Portuguesa.

E depois penso que não pode ser, afinal sou portuguesa, então escolho um lugar em Portugal, Luzianes, por exemplo, e penso que também lhe pertenço. Nunca estive em Luzianes, mas o nome diz tudo de um lugar que fica no fim do Alentejo e no início do Algarve, um lugar que se divide em dois: aldeia e gare. Tenho que ter a gare, por causa das muitas partidas que teria que fazer da aldeia. E teria que ter a aldeia, por causa da luz, essa que o sul deita a cada crepúsculo de Verão. Mas sinceramente não sei se vou a tempo de pertencer a Luzianes, porque não sei se ainda sei pertencer.
~CC~

6 comentários:

R. disse...

Pessoalmente, acredito que pertencemos ao espaço que sentimos ser o nosso lar. E se calhar não precisamos de nos restringir a um único...
:)

clorinda disse...

Claro que sim!
Quem me dera escrever assim. Lindo!
Abraço amigo
Clorinda

Margarida Belchior disse...

Nunca é tarde para aprender ... e chega-se sempre a tempo ... ao que tem que acontecer.

Bjs

Carlos Pires disse...

Só consigo perceber a ideia de pertencer a si próprio. Pertencer a uma terra, seja uma aldeia seja um país, implica abdicar da autonomia.

CCF disse...

R, pois não, não precisa ser um único...mas precisamos, como dizes, sentir :)

Clorinda, obrigada!

Margarida, às vezes sinto que já é tarde sim.

Carlos, acha mesmo? Acho que podemos pertencer, no sentido afectivo do termo, e para tal não e preciso perder a autonomia.

Abraços quatro
~CC~

via disse...

a terra onde fomos felizes, em geral a terra da infância produz um chamamento, temos sempre tendência a lá voltar.