quinta-feira, dezembro 03, 2009

Nas mãos da Sophia


Se a palavra começar tem sentido quando há muito devia ter começado as 300 páginas da escrita académica conducente ao grau que tornará a palavra emprego mais possível, é ali que quero começar. Tenho um ano apenas diante de mim, por isso escolho a companhia da Sophia, da inspiração das suas mãos, ali onde o mar me parece tão azul como os olhos dela.

Numa casa que há muito está à venda não há Internet nem canais variados, nem rádio, nem música. Tenho apenas os ciprestes do pequeno e velho cemitério, alguns ruídos de crianças a brincar na rua e a vista para Meia Praia, onde vejo ainda a sombra dos Indios do Zeca na espuma do mar. E imagino o som das ondas como a música que ficará registada na minha escrita, mesmo que o júri nunca a possa ouvir.

Não sei quantas vezes irei, nem quanto tempo lá passarei, desta vez será provavelmente pouco tempo mas gostava de o aumentar mais e mais. Dos ecos desse tempo poucas notas haverá aqui, escreverei, por força das circunstâncias, menos nesta ardósia. Mas virei por certo algumas vezes alimentar o caderno público dos meus tempos e modos interiores, porque quero uma clasura com janelas. E ler, e saber de vós.
~CC~

6 comentários:

Gregório Salvaterra disse...

E assim das mãos dela...

"Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda."

Pode ser que o bom agoiro se faça onda.
Beijo
*jj*

via disse...

Desejo-te uma boa estadia na meia praia e que o recolhimento produza os seus frutos.

deep disse...

Desejo que o resultado do teu recolhimento vá ao encontro do que desejas. Quanto a mim, cá continuarei à espera de te ler mais vezes. :)

Bom trabalho e óptimo fim-de-semana.

Um abraço.

Margarida Belchior disse...

São óptimas essas mãos em que te colocas ... para a escrita! ... sempre inspiradoras!

Só quem não escreve ao som de música - e que escrita será essa? - não ouve a música que acompanhou a escrita dos outros, mesmo que muitas vezes só consiga "ouvir" a sua própria música.

Bjs e que o vento sopre sempre de feição.

sem-se-ver disse...

que o recolhimento seja frutuoso (a mim, parece paradisíaco!).

um abraço.

CCF disse...

Queridos amigos, obrigado pela vossa atenção! Foi muito bom, já só penso em voltar...e é bom pensar que começei, que escrevi as primeiras páginas, mesmo que seja tão pouco.

E agora...muito e outro trabalho me prende aqui junto ao rio Sado.

~CC~