Eram mulheres, eram bichos fêmea. E viviam em África, no sítio da terra vermelha, no lugar em que as cores se tornam todas mais intensas e a àgua quando cai nos lava inteiros. Elas vêm do fundo do tempo, de um lugar antigo cujo código ainda está inscrito em nós. Elas são um legado cujo valor ultrapassa a ciência, devia situar-se na Humanidade. Ardi e Lucy estão tão próximas de nós, vejo-as criando os seus fihotes no seio da floresta esparsa, mergulhando com eles nos ribeiros de água doce, dando-lhes afinal calor e leite, da mesma forma que as mulheres ainda hoje fazem.
Todos os homens que não amam as mulheres se deviam calar ante este legado, todos aqueles que as oprimem nos múltiplos lugares do mundo, sob formas mais selvagens ou mais subtís. O nomes de Ardi e Lucy deveriam fazer morrer todas as ofensas de séculos. E em África, elas foram descobertas na Etiópia, um dos países mais pobres do mundo. Parece que foi aí que todos nascemos, só esse milagre devia resultar em todo um outro respeito por este continente, Lucy e Ardi deviam ser um apelo urgente. Os cientistas falam dos caninos de Ardi para explicar que era uma mulher de paz, mesmo que a sua morte pareça ter ocorrido violentamente. E parece que tão pouco apoiava as mãos no chão quando caminhava, Ardi já andava erguida. Assim devia ser com todas as mulheres, assim devia ser com todo um continente.
~CC~
4 comentários:
assim deveria, na verdade. e, um dia, será.
Os homens, que tanto se empenham em encontrar argumentos para justificar teorias e práticas, não deviam precisar de mais do que estes que tu evidencias. Acreditemos que um dia se faça luz.
Bom fim-de-semana. Bjs :)
4 milhões é um ror de tempo que dirão os que nos encontrarem ao fim de 4 milhões de anos? Que tínhamos cérebros desproporcionados e que devíamos, por isso, olhar muito para o chão?Ardi é fascinante pelas novas possibilidades que tráz.
E um dia será!
Beijos às três.
~CC~
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