terça-feira, setembro 08, 2009

Velhos nossos

Eles adoecem-nos os nossos velhos, adoecem os nossos dias com a sua fraqueza, os seus olhos baços, as suas histórias repetidas e sempre por contar. Eles adoecem-nos com a sua memória a falhar, o seu corpo mole, o seu egocentrismo repentino. Não sabemos o que fazer deles, agora que interrompem com as suas maleitas os afazeres múltiplos da nossa idade adulta, que nos atrapalham os dias com a sua solidão, com o seu abandono. Eles querem o tempo que não temos, a atenção que já não conseguimos dar-lhes. Temos filhos ainda crianças e ainda adolescentes, e é para eles que canalizamos atenção e energias, o nosso afecto. Mas os nossos, velhos estão dentro do nosso sangue e da nossa pele, e por isso paramos para os olhar por momentos breves. Nesses momentos, nesses curtos momentos, pelos meus velhos e pelos velhos pais dos meus amigos, há lágrimas que não rolam. A tristeza seca é a pior das tristezas.
~CC~

3 comentários:

via disse...

sim, os nossos velhos que nos exigem a atenção, o carinho e nós temos mais que fazer mas é nosso dever.ponto. cuidar.

CCF disse...

Via, sem dúvida! Espero que não se tenha percebido o contrário do que escrevi.
~CC~

deep disse...

E queremos tanto que o tempo volte atrás e que outros momentos fiquem congelados para podermos sempre termo-nos uns aos outros sem essa angústia e com o deslumbramento das histórias antigas contadas de fresco...

Outro abraço calorento com uma pitada de brisa de uma esplanada no Azibo (esta noite esteve-se lá que foi um mimo!). :)