quarta-feira, junho 03, 2009

dese(cantos)

O prédio é relativamente novo mas não há elevador, as escadas estão imundas e o lixo acumula-se no parqueamento. Mais de metade das casas ficaram por vender, o construtor faliu há dois anos. O construtor falido impugna com a sua maioria de votos todas as decisões que visam levá-lo a tribunal. O condomínio não tem dinheiro para sustentar o conforto minímo, a unica coisa que há, andar sim, andar não, é a luz. Não é África meus senhores, é mesmo uma cidade portuguesa, e por todo o lado há prédios em construção.

No escritório sabe-se que a diminuição do trabalho não afectará todos de igual modo, ainda assim há que chegue para continuar a laborar. Há propostas em cima da mesa para desenhar outras saídas para o mercado, mas a administração não lhes pega, não lhes dá seguimento. Ainda assim o escritório tem processos que cheguem para mais uns anos, trata-se apenas de mandar algum do pessoal embora. O tempo também está de feição, é assim a crise, uma verdadeira janela de oportunidades.

Na ponte Vasco da Gama dois acidentes, um a seguir ao outro, muita chapa danificada, mas condutores a salvo. Eles e mais uns quantos sem triângulo, sem coletes amarelos, parados na via atrás das viaturas em desnorte total. E risco acrescido de outros carros embaterem em cadeia. Praticamente todos falavam ao telemóvel.

Os noticiários cheios da renúncia do provedor de justiça. Não só o compreendi, como também tive inveja. Também queria declarar renúncia, anunciar bem alto alguns dos meus desgostos, chorar publicamente.
~CC~

1 comentário:

deep disse...

É o país que temos e... só pode piorar. Há dias, que não tenho quase experimentado outra coisa senão desencantos. Não sei se é realismo ou pessimismo que resulta do cansaço...

Que no resto da semana haja encantos. :)

Bjs