quarta-feira, maio 20, 2009

Com pouca fé


Sou normalmente muito tolerante em relação às igrejas e à Igreja Católica em particular. É uma benevolência marcada pelo mistério da vida existir no meio desta galáxia perdida no meio de outras galáxias. Compreendo muito bem que este espanto leve as pessoas em busca de Deus. E depois há os rituais da fé, genuínos e belos se nascidos desse achar que o homem é coisa pequena e frágil. Dito isto, é preciso dizer que da igreja tenho apenas a curta experiência de uns meses na cataquese, passados a cantar, a fazer bolos e a passear pelas alamedas ajardinadas do seminário da Portela, com uma senhora a caminhar para a meia idade, que tomava conta de nós com o mesmo desvelo que qualquer tia faria.

Mas últimamente, e descontando Setúbal, prolífera em bispos proletários, teria me desiludido por completo, caso algum dia me tivesse iludido. O aproveitamente pela igreja desta crise que vivemos tem mostrado uma faceta caritativa que não me convence, a todo o momento é apregoada a bondade do ritual da oferta, mas não se lhes vê uma ideia que possa ajudar a vencer a pobreza. Quase acreditamos que, como no velho regime, bastaria a cada bom e abastado homem alimentar um conjunto de pobres, e tudo ficaria resolvido.

E não só se banalizam rituais antigos, fazendo de lugares de culto, santuários de cimento e betão armado (onde estão as azinheiras? era aí que a nossa senhora gostava de pousar...e isso sim era uma coisa poética) como se inventam outros de um ridículo atroz, santificando uma estátua (falo do Cristo Rei, pois...) que de santa nada tem.

Está chumbada esta Igreja Católica em tempo de crise, não resistir ao aproveitamento do que se passa para tirar dividendos e espalhar a fé, coloca-a ao nível de um partido político qualquer.

~CC~

PS- Que me desculpe a minha querida Madalena....

3 comentários:

Gregório Salvaterra disse...

A minha tolerância é apenas com aqueles que têm fé e que tendo fé engordam o poder de uma organização que ao longo dos séculos acumulou no seu cadastro alguns crimes contra a humanidade.
Que diz o vaticano dos continuados abusos sexuais cometidos por padres contra crianças. Reconhecerão, porventura o crime, pedirão perdão ao mundo, mas não vi entregar nenhum criminoso á justiças. Só mesmo um deus para lhes perdoar...
À parte disto, gosto de algumas igrejas, sobretudo as das aldeias, quando estão abertas, e de algumas partes da bíblia, em particular as que se assemelham aos paraísos artificiais do Baudelaire.
Beijo
*jj*

alexandrecastro disse...

…atento na imagem
…é pois um estacionamento divino!!!
bj

Anónimo disse...

Eu desculpo... mas não sou eu que tenho que desculpar :)

Ainda ontem recebi um email do Chade, para onde partiu o meu querido amigo Padre João. Mandou a foto da sua turma. Uma turma de meninos de 7 ou 8 anos que como ele disse levam 5 anos de aprendizagem da Língua de avanço.
Ele queria partilhar os sorrisos daquelas crianças e pedir a nossa oração. Chorei quando partiu, mas sei que foi feliz.

Também sei que há muitos que ainda deixam tudo para servir os outros...

Um grande beijinho,
MAdalena.