Recomendar as palavras que nos iluminam ou iluminaram é como deixar pedrinhas nos caminhos até nós, até mundos que nos moldaram. Livros que amamos nas mãos daqueles que amamos são beijos intemporais.
Nas mãos deles o Caçador de Tesouros (Clezio) e os Capitães de Areia (Jorge Amado) e entre eles 30 anos da minha vida, 30 anos entre a leitura de um e de outro e no entanto a mesma luz, o mesmo espanto. A leitura é um espaço privado e de silêncio, mas vejo passar os personagens nos olhos deles, e de quando em quando diz-se entre sorrisos o nome de alguém cuja existência salta de dentro do livro para o meio de nós. Hoje ele falou do maravilhoso encontro de duas almas absolutamente sós naquela ilha das Caraíbas, para mim a melhor descrição da descoberta do toque da pele do amor de que tenho memória. E ela falou do miúdo de rua que com 13 anos passava as noites com uma mulher de 30, sem perceber muito bem o que queria dizer ele não passar uma noite sem as coxas dela.
Os livros são viagens maravilhosas e únicas que fazemos pelas mãos dos outros e por isso são tão diferentes das que fazemos com as nossas mãos, mas ambas são da ordem da descoberta do espaço, do encontro com as estrelas.
~CC~
2 comentários:
Beijos.
Intemporais.
E sempre.
*jj*
... assim são os livros , e neste momentoocupo-me com «a dança da realidade« de Alejandro Jodorowsky, depois de no verão passado ter lido «onde melhor canta um pássaro«, e só agora descobrir o primeiro.
abraço
________ JRMARTo
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