segunda-feira, março 02, 2009

O meu nome é Vanessa (XIV)

Combinámos uma sexta ao fim da tarde, libertos do gravador, podia ser mesmo na esplanada da Fonte Fria. E percebi que conseguia registar as palavras dela sem qualquer auxílio, elas ficavam guardadas na minha memória, como se a Vanessa estivesse a escrever dentro de mim, como se eu fosse a sua folha de papel branco.


Dias e dias sempre iguais em que o amor é só uma sombra que se arrasta pelo imaginário. Eu até aguentava querer sexo e não ser com aquele homem que se deitava comigo. O que eu não aguentei, percebes, foi a minha criança deitada fora. No dia em que ele disse: Vanessa, pensava que estava claro que eu não quero ter filhos...a partir desse dia a chave a rodar na fechadura para assinalar a entrada dele era igual a uma lamina a cortar-me a carne por dentro. Era a repetição vezes sem conta da criança que eu não tive, que eu não pude ter. E soube que era apenas uma questão de tempo para que um dia por trás daquela porta ele só encontrasse a casa vazia. A liberdade, meu amigo, é linda como o mar.


Vanessa, os teus olhos são amarelos e não têm aves azuis lá dentro, por isso não percebo porque me parecem ganhar asas.


~CC~

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