segunda-feira, março 16, 2009

Dias


O pessegueiro mostrou as florinhas rosa que aconchegou durante o Inverno. O lírio branco veio à frente a chamar os outros para a luz. As papaias amadurecem como se estivessem na sua terra, mas a secura das folhas queimadas pelo frio mostra que a preferência é ainda o calor. As meninas, tontas pelo sol e pelo início da adolescência tomaram frenéticas o primeiro banho e estenderam-se ao sol para dourar as suas peles ainda meninas. As ondas mansinhas foram e vieram para trazer som às conversas de fim de tarde na praia. Os pés nus a enterrarem-se na areia ainda fria e húmida, desmentiam a gravidade do momento que atravessamos, o da vida colectiva e o da nossa. O sol torna leve o que é pesado e as flores e as andorinhas quando chegam trazem a tudo esperança. Na manhã seguinte há um passeio de bicicleta entre salinas, inúmeras passagens de nível sem guarda, casas arruínadas e um verde ainda orvalhado, há pequenas paragens para beijos.

A pasta dos livros fica quieta e os trabalhos arrumados, percebo a gravidade do meu acto ao mesmo tempo que sinto que para alguma coisa nasci com asas. E se às vezes elas me pesam e queria arrancá-las, de outras uso-as realmente para voar.


~CC~




6 comentários:

Gregório Salvaterra disse...

Voa, voa. Estas palavras também fazem voar.
Beijo
*jj*

Anónimo disse...

... e se é para viver em pleno a Primavera que se anuncia e para no-la fazer chegar desta forma tão bonita, só há que deixar ficar as asas, para que possamos voar também.

Boa semana. :)

Mar Arável disse...

As MELHORES ASAS SÃO

AS DO PENSAMENTO

Cristina Gomes da Silva disse...

é preciso estarmos atentos aos sinais...:-)

sem-se-ver disse...

«não consigo levantar voo», disse ela.



abriu os olhos. e voou.

Mar Arável disse...

Como eu a compreendo

minha amiga