Às vezes agrada-me aquela voz ciciada com que o Eduardo fala no programa da Antena 1: "Os dias do avesso". Desta vez o assunto pareceu-me da máxima importância. Dizia ele que o céu foi recentemente considerado património da humanidade, não um céu qualquer, mas o céu estrelado. A poluição luminosa aumentou tantos nos últimos anos que as grandes cidades são focos que emanam luz e tapam as estrelas. Como esta tendência de iluminar a electricidade todo e qualquer canto não irá diminuir tão cedo, há já propostas em cima da mesa da UNESCO de guardar pedaços de terra iluminados só a luz de estrelas. O primeiro lugar é um monte escuro algures na Nova Zelandia, é aí que querem construir a primeira reserva de céu estrelado. Dizia ele, com a sua doçura e o pensamento sempre nas crianças, que assim podíamos levar os nossos filhos a ver o céu que nas cidades já não conseguem ver.
Lembro-me então do teu monte no Alentejo e do Petromax à luz do qual jantavámos tantas vezes para poupar a energia do gerador. Invariavelmente se seguia o passeio pela noite que só parecia escura até vermos o imenso céu estrelado por cima de nós. Elas eram tão grandes, tão brilhantes que ocupavam os nossos olhos por inteiro em desenhos que procuravámos compreender. E as palavras tornavam-se mais redondas e mais doces e o sono chegava muito mais cedo. Curei tantas feridas entre os dias nos campos de estevas e as noites de estrelas.
Não sei se me agrada esta ideia das reservas de céu estrelado. Penso que qualquer dia todas as coisas de que realmente gostamos estarão em reservas e o resto do mundo será um lugar inabitável.
Não sei se me agrada esta ideia das reservas de céu estrelado. Penso que qualquer dia todas as coisas de que realmente gostamos estarão em reservas e o resto do mundo será um lugar inabitável.
~CC~
PS- Inicialmente troquei os "Dias do Avesso" com O "amor é" este último é da responsabilidade do Júlio Machado Vaz, um homem a quem os anos não gastam a voz e o interesse. Que fique a correcção, não obstante o cansaço destes dias.
2 comentários:
Felizmente ainda vai havendo muito sítio aonde ver as estrelas e o breu da noite. È obrigatório para isso, afastar das cidades e das auto-estradas.O Alentejo, como Trás os Montes, ainda é uma enorme reserva de silencio e escuridão.
Abraço
olha nunca tinha pensado nisso...reservas para se poder observar o céu estrelado! Acho de facto um bocado triste termos que criar reservas em todo lado para preservar "pedaços" de coisas boas. Bjs.
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