A minha rua em Luanda, o ano passado, afinal tantos anos depois.
Nascemos muitas vezes ao longo da vida, também nos sentimos morrer por vezes, no tormento de uma solidão que nessa altura é maior que todas as outras. E nascemos a cada encontro, como hoje, na mesa do ninguém lê*, em que se sentou connosco um poeta, todo ele construido da simplicidade com que me parece amar as palavras. É bom nascer mais um bocadinho, porque cada outro com que o encontro se tece, é sempre também mais um lado qualquer de nós a descobrir o mundo.
Mas há há um lugar agarrado a nós em que nascer foi a primeira inscrição da geografia sobre o nosso corpo, marcas que os nossos dedos não conseguem tactear e que moram entre a derme e a epiderme. Penso às vezes nesse nascimento das pessoas com as quais me cruzei já adultas, penso na infância delas e nas crianças que foram e espreito-as dentro dos olhos, como se pudesse voltar com elas ao lugar onde nasceram. E às vezes volto.
~CC~
* Girafa cor de rosa e Deep, senhoras da Geografia do Norte, ficaram presas nos seus afazeres. Sabemos que não era grande dia para a Sardinhada, mas foi assim. Um dia poderemos talvez sentar-nos convosco num outro lugar, certas que nesse encontro, nascer será também a palavra adequada para referir este modo como nos movimentamos uns com os outros, uns para os outros.
3 comentários:
Há-de haver, certamente, outras oportunidades... fico à espera!
Bom fim-de-semana. :)
CCF,
é bem bonito o que dizes, de repente dou comigo , a perceber palavra por palavra isso mesmo , cada encontro mais um fio, um gosto , o paladar das palavras , o sorriso delas , uma pequena evocção aqui e ali , o tempo ... Foi ter-te ao lado , foi ...
O teu comentário era histórico , não sei , por onde anda , procurá-lo-ei, ainda hoje , quero que inaugure , o vá andando, foi uma surpresa , encontrá-lo , logo à tardinha, mas ....
Abraço amigo
JRMarto
Faremos outras e mais festas!
Abraços dois
~CC~
Enviar um comentário