segunda-feira, junho 30, 2008

Maternidade

O ano acabou e ela revelou-se esgotada, atrás do cansaço chegou uma maleita e mais outra. Mas os olhos nunca deixaram de brilhar e nem por um minuto a vontade de viver abrandou. Mesmo doente, vai dizendo sempre que está bem e ralhando os meus cuidados, dizendo-os excessivos. Ela está sempre boa, mesmo quando a febre passa dos 39.

É impossível não ter orgulho no A a Matemática e no A a Português das provas de aferição, nos cinco a cobrir todos os quadradinhos da pauta, nas tardes em que pediu para ficar em casa a estudar quando gosta tanto de rua quanto eu. Não houve prémio nem se falou em recompensas, muito embora venha a pedir desde há algum tempo para viajar, sobretudo este ano em que viu a mãe partir e chegar tantas vezes.

Mas o meu orgulho não teria sentido se visse crescer nela a arrogância pelos mais fracos, pelos menos inteligentes, pelos que olham a escola de um modo diferente do dela. Fez uma festa com uma das colegas quando soube que um dos alunos mais complicados da turma seguia com eles para o 7º ano. Fica igualmente feliz quando ganha nas corridas, quando a equipa da turma fica em primeiro num torneio, quando se enfeitam todos para dançar e cantar e ela faz bem e se sente bonita. Fica feliz quando vamos às compras e escolhe uma roupa que a torna elegante, quando o jantar é uma coisa que gosta, quando comentamos no seu blogue privado. O seu mundo é maior e muito mais completo do que o protótipo da menina boa aluna que faz dos estudos um objectivo de vida, chegámos à conclusão de que os 4 livros que lhe desapareceram este ano só podiam ser dela: dificilmente se queixaria do facto ou acusaria os colegas.

E há as contendas: a paixão pelos cavalos a pedir aulas de hipismo que eu recuso, a desarrumação a indiciar uma pré adolescência cada mais acentuada, o telemóvel a furar os bolsos das calças de ganga, a lua a levá-la por momentos para recantos aos quais não chego.

Queria agradecer-lhe isto de ser mãe dela. E queria que este prazer pudesse permanecer sempre como uma coisa imensa na minha vida.
~CC~

6 comentários:

Gregório Salvaterra disse...

Beijo a essa menina e à mãe dela.
*jj*

Anónimo disse...

Parabéns às duas por tudo o que prepassa das entrelinhas...

Bj.

Eunice.

Carla disse...

beijos às duas e parabéns pela cumplicidade...acho que isto é que nos torna verdadeiramente mães
beijos e felicidades

sem-se-ver disse...

lindíssimo.

parabéns a ambas :-)

CCF disse...

Beijos quatro!
~CC~

Rita lobo disse...

Algumas coisas herdei de ti,
Outras são mesmo minhas,
Outras trouxe-me o vento...
Mas todas elas fazem parte do meu país maravilhoso.


Ps: Obrigada, por não comentares os erros no meu blogue que tu tanto insistes em corrigir.

ass: ~AF~