segunda-feira, junho 02, 2008

A construção do amor e outros edifícios(I)


Elas dizem agora que são quase irmãs. Antes, eram só intrusas na vida uma da outra, o acaso tinha-as juntado sem que o tivessem pedido. Perguntas o que foi que fizémos por esta construção que agora nos parece quase perfeita e não conseguimos dizer ao certo. Falámos muito é certo, muitas vezes. Acredito no imenso poder que reside no coração posto nas sílabas. Estão ali uma com a outra sem perguntar por televisão, jogos electrónicos, computadores. É uma com a outra que gastam o tempo, na construção da cumplicidade que alimenta os segredos no raiar da adolescência.


As palavras sim, o resto foi só o vento que começou a soprar mais quente dentro delas, outra compreensão a nascer do que é uma e outra, a certeza de que o amor que lhes temos chega para cada uma ter o seu lugar, sem roubos nem competições. Haverá talvez ainda um choro, um amuo, uma zanga, mas os laços são agora fortes, capazes de enfrentar a tempestade.

A amizade pode ser a lenta descoberta dos pedaços de sol e de sombra que moram em nós, em vez do fogo voraz onde o outro se incendeia e se consome.

~CC~

3 comentários:

Mar Arável disse...

Quando o fogo existe

que queime

por um instante

infinito

clorinda disse...

Amor + Amizade = Amorizade termo do Grande Luandino Vieira, há construções felizes..
Parabéns pelo texto, Abraço
Clo

Gregório Salvaterra disse...

São lindas essas meninas no seu crescer irmanado.
Aqui fica também uma palavra, um canto, uma lágrima para essa construção de amor.
Cúmplice.
Beijo
*jj*