quinta-feira, dezembro 13, 2007

As duas lágrimas

Tenho uma lágrima feliz a descer vagorosa pelo meu rosto branco da cor do Inverno. Dentro dela está um menino. O menino agora, no meio das nossas meninas, tantas e já tão crescidas.

O menino deixou a sua caixa de vidro aquecida e veio para o mundo. Tomou o seu primeiro banho em água tépida, enconstou pela primeira vez a sua boca ao seio da mãe, vestiu a sua primeira roupa. O menino deixou de estar nu na sua caixa de vidro aquecida, tantos e tantos dias dormindo, primeiro de olhos fechados e depois abrindo-os aos poucos, chorando o choro mais pequenino que alguma vez ouvi. Diz-nos agora com os olhos que vai enfrentar esta luz simultaneamente tão dura e tão doce que adorna a terra. Cresce meu amor, cresce.


Tenho uma lágrima triste no meu rosto preto, cor da terra que ainda amo, mesmo agora que a vi sem a luz dourada da infância. Chega pelos rostos cruzados que perderam o seu calor e agora me tocam com os seus dedos de morte. Fecho os olhos para que a lágrima desça mais rapidamente, para que a possa engolir e com ela todos os fantasmas. E quando ela me chega à boca, os olhos fechados ajudam-me a pensar que afinal é o mar. É o mar.

~CC~

5 comentários:

Mar Arável disse...

Também me parece - o mar

desgrenhado

do sal

arável

bjs

Gregório Salvaterra disse...

Amor e mar...
E a esperança parece-me uma bela teimosia.
Beijo
*jj*

Anónimo disse...

ainda bem que sabe a mar, porque as lágrimas com sabor a tristeza são demasiado dolorosas. Este mar lembra-me as águas do hemisfério Sul.
Bom fim de semana
Carla

João Torres disse...

Fico contente por ter novidades desse menino. Espero que continue a crescer e a vencer etapas. Um dia ainda o vou conhecer!

Abraço
João

CCF disse...

Beijos salgadinhos:)quatro!
~CC~