Este é o terceiro ano que estou com eles, mas tem sido muito devagar que os vou trazendo até mim e vou chegando até eles. Com os adultos é assim, os abraços são mais demorados e os corações defendem-se. É legítimo.
No chão do ginásio espalhámos os nossos medos. O medo da morte ganhou ao medo da solidão, ao medo de desiludir quem se ama, ao medo de morrer primeiro que os filhos, ao pavor dos insectos, falamos sobre todos esses medos, um de cada vez, em ofício de escuta que sei raro entre eles. A turma está polarizada em grupos e grupinhos que se ignoram e destestam. Hoje foi diferente. Mais tarde na profissão que escolheram terão que saber acolher pessoas que têm trajectos e histórias, é bom que saibam partilhar as suas. Não sei se sou professora ou psicóloga ou actriz mas estas fronteiras não têm agora muita importância, embora isto seja muito díficil de trazer para a academia das ciências.
Os medos, os nossos medos, em que espaço podemos falar deles. Estive quase a terminar quando as lágrimas chegaram a alguns olhares, mas senti que queriam prosseguir por este percurso colectivo ao centro de cada um e pouco a pouco os olhos secaram.
É destes pedaços de nada que vou tecendo as teias que me sustentam.
~CC~
3 comentários:
Cheguei aqui através da Marta do "Claras em Castelo"
Que bom ter vindo!
Li e aprendi e vou voltar para ler e aprender mais.
Obrigada por existir.
Dá-me licença que ponha o seu blog nos meus favoritos?
Acho que vou gostar muito destes riscos e rabiscos :-)
Sobe e desce, é claro que sim, só posso agradecer ter vindo e querer levar o endereço! Também irei de visita à sua casa. Abraço
Teresa, obrigado pela tua visita e apoio. Se pudesse tinha mais que um blogue mas por ora não consigo. Vou trazer a tua ardósia para aqui.Beijinho riscado.
~CC~
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