sexta-feira, julho 09, 2010

Segredos

É redonda e pequenina como uma concha. Guarda dentro de si um azul líquido e quente onde podemos mergulhar por muito tempo. Não está deserta como prometem os cartazes que nos mentem, mas está cheia de meninos de todas as idades, não há melhor para eles do que ondas pequeninas, e eles agradecem em festa. As pessoas falam com pronúncia da terra, são simples, não se enfeitaram para vir à praia.

Deixei o olhar lá preso nos ninhos das andorinhas escavados na rocha. E não sei se o corpo veio comigo, ou se ficou preso na água tépida.
~CC~

3 comentários:

via disse...

que praia será?

CCF disse...

Para sul, na nossa língua. Nesse lugar que se pode tornar um inferno, mas tem bocadinhos de paraíso.
~CC~

Geraldes Lino disse...

Já depois de ter deixado o meu comentário no "post" "Sinos de Domingo", deu-me súbita curiosidade de ler outro poste. Li o "Segredos", impressionou-me a observação: "As pessoas falam com pronúncia da terra, são simples, não se enfeitam para vir à praia". E emocionou-me o parágrafo final: "Deixei o olhar preso aos ninhos das andorinhas escavados na rocha. E não sei se o corpo veio comigo, ou se ficou preso na água tépida".
Há muita poesia nestas sentidas e bonitas prosas.
Ah, e reparei desta vez que se trata de uma, e não de um, bloguista, o que, obviamente, não teve qualquer influência nestes meus dois comentários que deixei na passagem pelo seu blogue.
Está em causa a beleza literária dos textos, não o sexo de quem os escreveu.
Para me despedir, um pequeníssimo reparo ortográfico: no texto "Sinos de Domingo" escreveu "flaminhos", quase de certeza que pretendia escrever "flamingos".
Desculpe o preciosismo.