sábado, dezembro 29, 2007
Bom ano bissexto
sexta-feira, dezembro 28, 2007
Estranho(s)
Somos estranhos aqui, até no modo como cobrimos o corpo com roupa enquanto a maior parte a desnuda. Tenho saudades daquele modo enviesado, declinado e arrastado como falavam os algarvios em Lagos. Imagino a Sophia aqui e a dificuldade que teria em encontrar meninas do mar morenas e pequeninas. Não sei também se há ainda polvos disponíveis para entrar em hsitórias. Não tenho vontade de lhes dizer que se vão porque o sol onde se estendem a sorrir é tanto meu como deles, mas gostaria de sentir que pele que é a língua não se vende assim a troco das moedas do poder.
quinta-feira, dezembro 27, 2007
No tempo dos balanços
E como não há três sem quatro, acrescente-se o gosto que ainda tenho por rir.
~CC~
terça-feira, dezembro 25, 2007
Luzia
Eu sei que a luta que cada um trava pode ser às vezes esta capacidade de fazer a festa.
~CC~
sexta-feira, dezembro 21, 2007
quinta-feira, dezembro 20, 2007
O templo
Gostava um dia de experimentar vestir um Sari.
~CC~
terça-feira, dezembro 18, 2007
Hoje convido
Eu sempre tive muitos sonhos. Sonhos grandes, sonhos pequenos e até sonhos médios…
Mas, havia um sonho que era o maior de todos os sonhos. Era aquele sonho que eu desejava quando trincava as velas dos meus aniversários e quando comia as passas no ano novo (muito poucas vezes, pois não gosto de passas)...
Esse sonho era ter um cão, mas não era um cão qualquer era um cão, como o que o meu pai tinha tido, em criança. Apesar de nunca o ter visto o meu pai contava-me imensas histórias dele e eu imaginava-o dourado, com o pelo comprido e macio, brincalhão e reguila…
Mas, houve um Natal. Um Natal que eu nunca esqueci. Um natal que penso ter sido um dos melhores natais de sempre. Esse Natal foi passado numa quinta, numa quinta no meio do campo. Tinha casinhas de pedra acolhedoras e muito espaço ao ar livre, mas não foi isso que a tornou especial. O que a tornava especial eram dois cães, dois cães iguais aos do meu sonho, dois cães lindos. Então eu decidi perguntar ao dono que raça eram.
Ele simplesmente respondeu:
- São GOLDENS RETRIEVER!
É claro GOLDEN RETRIEVER era a raça do cão do meu sonho. Sim, GOLDEN RETRIEVER soava bem em qual queres lábios.
A partir dessa altura, o meu sonho deixou de ser ter um cão, para passar a ser ter um GOLDEN RETRIEVER.
Era uma vez um dia, um dia daqueles que queremos que passe rápido, pois estava meio adoentada e ainda por cima tinha de ir vacinar-me.
Depois da vacina, quando já só me apetecia ir para casa e estender-me no sofá, o meu pai avisa-me que temos de ir a Lisboa.
-Que seca! – pensei eu.
Mas lá fui. Quando cheguei lá, o meu tio deu-me um boneco pequenino de um GOLDEN RETRIEVER. O meu pai disse logo que eu queria era um a sério e eu acenei com a cabeça. O meu tio respondeu que esse era muito caro, aí desanimei, pensei até que o melhor era deixar aquele sonho. Mas alguns segundos depois chegou uma carinha com um símbolo de animais estampado. Chamaram-me dizendo que aquele senhor (que obviamente era o condutor) tinha uma coisa para mim. Quando cheguei ao pé dele, ele abriu a bagageira e de lá sei o meu sonho. Nesse momento acho que paralisei, senti o que nunca antes tinha sentido, ainda hoje não consigo descrever os meus sentimentos. Só consegui responder à pergunta:
- Como é que ele se vai chamar?
Eu respondi apenas POLY, ainda sem saber se se escrevia com dois “Ls” ou apenas um “I”.
~AF~
Solidão partilhada
segunda-feira, dezembro 17, 2007
A visita
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Na memória do olhar
quinta-feira, dezembro 13, 2007
As duas lágrimas
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Gostar
Gosto quando o mundo, perfeito como ele é, se embrulha em luzes de Natal.
Gosto quando as mulheres levantam a voz e correm com eles.
Gosto quando alguém tem dúvidas e por causa delas faz apelos.
~CC~
Buraco negro, bandeira branca
terça-feira, dezembro 11, 2007
Café (III)
Guarda-rios e estuários (V)
E nós crianças, nós começamos a usar os tecidos para bonecos grandes de espantar a passarada. Nós as crianças Almar fazíamos nascer espantalhos. Os donos das quintas chamavam-nos porque por uns tostões, uma fruta, um caldo, um naco de pão com azeitonas, nós pintavámos a paisagem de cor e de poesia. Cresci criança Almar, pobre como pensava que só nós éramos, mas rendida à mudança da cor da terra em cada estação.
E ainda sonho com espantalhos, agora com espantalhos que dançam.
~CC~
segunda-feira, dezembro 10, 2007
1948
Fim de tarde na escola das quartas, hoje que é Segunda. Os cartazes enchem a sala de convívio, as bancas das ONG´s, os slides a pensar, a música, os pedaços dos filmes, uma actriz famosa e muito bonita que parece pouco credível nas cenas de violência doméstica, mas se calhar não passa de preconceito meu. Pergunto-me se sentem, se sabem. Pergunto-me. Oiço as palavras escritas do JMP na interrogação aos seus próprios filhos: "os direitos humanos são pouco mais que boas intenções para uma vida melhor, uma que há-de vir um dia" (JMP, revista Noesis, Out/Dez. 2000), é esta a resposta dos jovens. Os direitos humanos, como um quadro que se compra e fica bem em qualquer parede. E outra vez a sua voz tranquila com a qual me cruzei um dia " a terceira coisa fundamental que o Manel e a Rita não sabem sobre os direitos humanos é que, ao contrário do que lhes temos ensinado, eles são um impulso desordeiro" (JMP, revista Noesis, Out/Dez. 2000).
Eles são...como a a poesia, utopia sempre a correr no sangue.
~CC~
domingo, dezembro 09, 2007
As coisas pequenas
sexta-feira, dezembro 07, 2007
Café (II)
A princípio era só um lugar onde te trazia um ou outro fim de semana, na minha cabeça já o desejo de procurar aqui modo de ficar. Acho que só os belgas lhe podiam ter dado um nome que entre nós era piroso: Beijinho. Acho que por aí começou o namoro, pelo beijo pequenino que se dá às crianças, palavra quase primeira aprendida na expressão desse amor maior.
Um café quando é nosso é a extensão da nossa casa, torna-se pouco a pouco assim. Depois há algumas coisas que o tornam único. Aqui era o gelado de baunilha, os crepes, as tarteletes de morangos, o bolo de chocolate. Foi por aqui a tua iniciação e posterior rendição. Deixa ver mais. As fotografias enormes nas paredes, fotografias de paisagem e de crianças, na maior parte das vezes uma e outra coisa tinham mar. Belgas rendidos aos encantos das nossas ondas, trazendo com eles o chocolate. Não gostava de chocolate por aí além e não sabia o quanto podia gostar de gelado caseiro de baunilha(este Cgs, foi antes do teu). O português mal acentuado pode ser muito carinhoso e era o caso, acolhedor sem excesso. Depois de duas ou três vezes disse-te: já pensaste como era bom morar perto deste café? Os olhos brilharam um pouquinho, o chocolate a escapar-se numas migalhinhas pela mesa. Agradeço ao Beijinho a ajuda que me deu a trazer para outra cidade uma criança de apenas seis anos, a fazê-la mudar de casa quase sem dor. Esse foi o começo de quase um ano vivido entre a casa e o café, numa cumplicidade cada vez maior e com mais amigos. De lá trouxemos bolos de anos, barriga cheia, muito conforto.
Ainda temos saudades. Em casa guardo a ementa, combinámos (sem cumprir) fazer um jantar anual à Beijinho no dia da despedida emocionada, no dia do brinde ao futuro do jovem (e belo) rapaz que era o autor dos doces da casa. Deixou o gelado de baunilha e tornou-se fotógrafo. E até hoje a porta está fechada, o canto desolado, as montras escuras.
Não haverá um beijo igual, um beijinho tão doce quanto este.
~CC~
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Café (I)
Uma casa nova
quarta-feira, dezembro 05, 2007
A zanga
Como tinha muita gente em casa sempre fui mais de chorar baixinho, vaguear pelas ruas, fazer desenhos com letras. São assim as irmãs do meio, vão-se embora quando o negro chega em vez de cerrarem os dentes e fazerem cara feia. Sei como é ir embora, mas agora às vezes não me apetece, já deixei para trás demasiadas terras.
terça-feira, dezembro 04, 2007
O tempo
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Os números
Guarda Rios e Estuários (IV)
O chefe da comarca chamou o meu pai e depois disso nunca mais o vi. O meu pai não voltou mais, não teve coragem de nos vir dizer que os Guarda-rios tinham que levantar as tendas e partir para sempre, não eram mais necessários, nem aqui, nem em lado nenhum.
Os rios, dizia o chefe, correm sozinhos e não precisam que ninguém os guarde.
Depois disso uma doença foi tomando um a um os nossos homens. Só se salvaram os que eram meninos. E nós, nós as mulheres, embora nessa altura o meu tamanho e o meu coração fossem os de uma menina.
~CC~