terça-feira, setembro 30, 2008
Homens e bichos (XI)
segunda-feira, setembro 29, 2008
Quando os adultos jogam ao monopólio...
Perguntamos pelo futuro, agora que no fim do jogo do monopólio, não podemos ir lanchar como acontecia quando éramos crianças. E não há ninguém na política a construir outro futuro, a rasgar no seu discurso novos horizontes para a economia global. O que me assusta não é a crise, é não haver dentro dela esperança para um outro modelo de mundo.
sexta-feira, setembro 26, 2008
luta
quinta-feira, setembro 25, 2008
Homens e bichos (X)
João: Andas a ver filmes estranhos.
quarta-feira, setembro 24, 2008
Praxes
terça-feira, setembro 23, 2008
Homens e bichos (IX)
segunda-feira, setembro 22, 2008
Equinócio
sexta-feira, setembro 19, 2008
Homens e bichos (VIII)
De resto escavo desde criança, ando sempre à procura de alguma coisa e qualquer resto de loiça com mais de 2000 anos já me faz feliz. Dou-me bem com o que resta dos homens, melhor com as suas memórias do que com a sua presença. Digo-te mais, Almourol é capaz de ser um dos únicos castelos virgens que nos resta. Está livre de cafés, de lojinhas de imitações de objectos antigos, das pousadas de portugal e animações de todo o genéro. Aqui minha querida, não se dança nem se canta, não se come nem se dorme, aqui só há a pedra e o rio. De vez em quando chegam umas quantas pessoas, mas poucas e só mesmo no Verão. O barqueiro tira-lhes uma fotografia com o castelo por trás e já ficam felizes, de resto nunca demoram mais de meia hora, isto é uma ilhota perdida no meio do Tejo, onde só os mais loucos se poderiam lembrar de fazer um castelo.
Eu estou bem aqui, não tenho saudades de quase nada, às vezes lembro-me da Maria, mas já estamos juntos há tantos anos que mesmo sem estar com ela, é como se estivesse. Para mim, isto seria o Paraíso, não fora a pomba branca. Já estive em algumas escavações, mesmo antes de acabar o curso e obviamente que as pedras velhas estão cheias de histórias e lendas, sei isso muito bem. Mas nunca, nunca alguma vez, nem nos meus piores pesadelos, me imaginei a falar com uma moura disfarçada de pomba branca. Se me contassem, eu também não acreditaria, por isso compreendo-vos, mas ela existe, posso assegurar-vos.
quinta-feira, setembro 18, 2008
Queridinha...
Antes do sector manicure pedicure e outras torturas mais ser tomado por aquelas jovens e lindas brasileiras, raramente eu ia lá ou a outro sítio qualquer. Agora sim, vale a pena. No final ela vai buscar o creme e faz uma massagem pelo rosto, e embora isso nada acrescente a ter mais ou menos pelos, adormece-me para o resto do dia, arrasta-me num torpor de país de sol. Mas há mais, ela pergunta-me: unha meu bem, vamos tratar dessas suas unhas? Eu ai reajo com alguma impaciência pois de repente tudo me parece hipocrisia pura e eu não sou queridinha coisa nenhuma. Penso: mas será que apesar de estar aqui deitada há quase meia hora nesta marquesa de beleza, ela não viu as minhas unhas roídas?
terça-feira, setembro 16, 2008
Homens e bichos (VII)
Um dia acenei-lhe e sorri e ele correspondeu com um aceno, mas sempre sério. No dia seguinte tive coragem e perguntei-lhe porque é que depois da escola ia sempre para ali. Disse-me: ando à procura de um tesouro! Quantos rapazinhos conheces que aos oito anos gastem o que resta das suas tardes à procura de tesouros? No dia a seguir eu também já era uma caçadora de arcas de oiro, sonhava encontrar os colares e os brincos de pelo menos uma dúzia de princesas.
Quando penso nisso hoje...como é que se procuram tesouros debaixo das pedras de um moinho? Nunca mais nos separámos, só ele é que me chama Maria, mais ninguém, é o que o meu nome é Mariana, mas ele disse-me logo que esse não era um nome real, por isso aqui me tens, feita rainha do nada. Desde que ele arranjou emprego nesta escavação que o meu vazio aumentou na proporção da loucura dele.
segunda-feira, setembro 15, 2008
Ler(vos)
Com a Claúdia, chega um outro azul, uma brisa da tarde a correr intensa por dentro.
http://bluemolleskin.blogspot.com/
(sei que vive algures, imagino-a no campo, junto a um rio)
Com o JRMarto, a poesia habita cada coisa simples para a transformar numa outra, numa outra em que a sua luz se inscreve.
http://vaandando.blogspot.com/
(conheci-o sentado a uma mesa na cidade onde moro, sei que Lisboa é por ora a sua cidade, veio por mãos amigas)
Com a Clorinda, chegam palavras e imagens que colecciona com habilidade e gosto, um caderno para aumentar o nosso reportório e enriquecer o quotidiano.
http://clo-carpediem.blogspot.com/
(sei que nasceu em Trás os Montes e que vive no Porto, sei que virá um dia para um café)
Com a Girafa cor de rosa chega a frescura de quem faz da esperança um modo de ser
http://xm-girafadepatins.blogspot.com/
(não sei onde nasceu, sei que mudou do Norte para o Sul e que agora está perto, sei que um dia aparecerá por aqui ou eu por lá).
Com o Eurico, chegam ecos de romances que já li e de lugares onde estive ou quero estar. Os seus saberes múltiplos espelham-se em imagens, em música, infiltram-se na sua poesia.
http://cantodosul.blogspot.com/
( sei que vive no sul, vi-o pelo menos uma vez, na casa que fica junto à ria formosa, é amigo dos meus amigos e família do sul).
Com a Deep chegam ecos de quem ama a vida no seu quotidiano a norte e escreve em caderno com giz de terra e com música
http://amaroinfinito.blogspot.com/
(sei que vive no Norte e só podia ter vindo através de afinidades T-O-M).
Este Verão, na minha estante dos privados, chegaram duas meninas grandes, juntando o amor à admiração pelo modo como se dizem gente.
http://minhasmaravilhas.blogspot.com/
http://pinosetokiohotel.blogspot.com/
Um prazer viver na vossa companhia.
~CC~
domingo, setembro 14, 2008
A escola
quinta-feira, setembro 11, 2008
Homens e bichos (VI)
J - Claro tio, e elas também falam.
R - Então porque é que eu não oiço o que elas te dizem?
J - Porque é só para mim que falam, tu não podes ouvir.
R - Vou contar-te uma história, uma lenda
J - Conta, conta, tu nunca me contas histórias!
(Depois de contar a lenda do Arripiado a Joana, coisa que ela ouviu de olhos bem arregalados)
R - Sei que acreditas que esta pomba fala como as tuas bonecas, mas agora diz-me...ela já não devia ter morrido há muito?
J - Mas ela não pode morrer enquanto não encontrar de novo o seu amor, só aí é que ela vai descansar para sempre
R - Mas ela diz que não pode voltar a ser mulher, a ser moura
J - Tem que haver uma solução, ela vai encontrar, vais ver. As mouras sabem muita coisa, eu acho que elas ainda sabem mais que as princesas vulgares.
~CC~
domingo, setembro 07, 2008
Diálogos com os santos
Homens e bichos (V)
sábado, setembro 06, 2008
Homens e bichos (IV)
R - Bonito, eu? Nunca ninguém me disse tal coisa.
P - Tens uns olhos com muita luz, mas não sabes.
R - E como é que são uns olhos com luz?
P - Olhos que podem voar.
R - Tens uma conversa estranha para uma pomba.
P - Mas eu sou uma mulher!
R - E quando é que deixas de morar no corpo de um bicho? Não me digas que é quando te apaixonares...
P - Não, nunca mais poderei voltar a ter corpo e rosto de mulher.
R - Então nunca nos poderemos encontrar, se é assim porque vens aqui falar comigo, porque é que me tentas encantar...ou mesmo enlouquecer.
R - Vai-te embora, vai de uma vez, não venhas mais aqui falar comigo.
P - É mesmo o que queres? Então vou.
R- Não, não vás ainda...preciso de descobrir qual é o teu mistério.
sexta-feira, setembro 05, 2008
Homens e bichos (III)
R- Estás a ver ali do outro lado do rio? É ali o Arrepiado, a aldeia da lenda de que te falo.
M - Parece-me muito bonita, já lá foste?
R - Fui ao cemitério ver se lá estava a campa do cristão que Ari amava, mas não vi nada.
M - Já a devem ter tirado, já foi há muito tempo, mas toda a gente conhece lendas de mouras encantadas, a tua pomba é só uma delas.
R - Maria, mas como disseste é uma lenda, por isso não faz sentido o que me está a acontecer.
M - Talvez ela tenha reconhecido em ti o seu grande amor, o rapaz cristão de quem o pai a separou para a encerrar ali na torre.
R - Queres ajudar-me ou pelo contrário, queres enlouquecer-me ainda mais?!
M - Enlouquecer-te claro, há lá coisa mais bonita que enlouquecer um homem. Mas acho que a pomba está a tratar disso por mim.
~CC~
quinta-feira, setembro 04, 2008
Homens e bichos (II)
R-Há quanto tempo anda aqui a trazer pessoas para o castelo?
B - Olhe, comecei tinha só 12 anos, quando acabei a primária, vim ajudar o meu tio. Mas nessa altura havia muito mais gente, agora o movimento é pouco, mesmo no Verão.
R - Por isso é que tem esses patrocínios?
B- Ó amigo, é o que me vale. Mas o barco é da autarquia.
R - Não percebo isso lá muito bem, mas estou interessado num outro assunto.
B - Então diga lá qual, estamos aqui é para os clientes! Quer uma foto?! Há ali um lugar muito bom para as tirar, quando o barco dá a volta e as pessoas ficam enquadradas pelo castelo.
R - Deixe lá isso da foto, eu ando aqui é em trabalho. Você já ouviu falar na pomba, numa lenda de uma moura?
B - Mas é claro, todos a conhecemos.
R - Mas conhece a lenda ou a pomba?
B - Homem, então não são a mesma coisa? É a lenda da moura-pomba.
R - Sim, mas já viu a pomba? Já falou com ela?
B - Ver já vi que anda sempre aí, e é única, não há mais nenhuma, mas comigo nunca falou. Oiça lá, você nunca usa chapéu?
~CC~
quarta-feira, setembro 03, 2008
Homens e bichos (I)
P- Rapaz, porque me olhas tão intensamente?
R- Porque estás aí parada há muito tempo a olhar para mim
P- Porque mexes no que não deves, essas pedras não são para tirar daí.
R- E porquê?
P- Porque debaixo delas está há séculos escondido o meu diário.
R- O diário de uma pomba?!
P- Disseste mal, é o diário de uma moura, de nome Ari.
R- Mas tu és uma pomba, a pomba mais branca que já vi e com os olhos mais pretos.
P - Pareço uma pomba mas sou uma moura, sou desse tempo.
R- Qual tempo?
P- O tempo em que as pessoas se podiam transformar em animais e vice versa.
R - Mas esse tempo nunca existiu e se existiu porque é que acabou?
P - Existiu sim, mas acabou. Os homens viviam perto da natureza, em comunhão íntima, por isso podiam transformar-se, não eram reinos diferentes, como são hoje.
R- E como se conseguiam transformar?!
P- Por um sentimento, uma emoção ou um desejo intenso.
R- Só assim?!
P - Sim
R - Isso é impossível, não é verdade.
P - Mas então porque é que estás a falar com uma pomba? Isso é impossível.
terça-feira, setembro 02, 2008
Coisas pequenas
segunda-feira, setembro 01, 2008
Despedida
~CC~