quarta-feira, dezembro 12, 2007

Buraco negro, bandeira branca

Em Dezembro com tanto frio e tanta luz o mundo alucina. Os carros explodem em cidades de nome fascinante, junto de homens e mulheres que acreditam que espalhar bandeiras brancas pode ser um caminho, matando sem escolha, sem sentido. As notícias das mortes são sem gritos, sem lágrimas, factuais como deve ser o mandato do manual do jornalismo.

Em Dezembro há famílias que enlouquecem reacendendo ódios antigos embrulhados como presente e depositando os seus velhos no hospital para que a festa se possa fazer sem o gemido dos acamados. Há crianças a entrar nos hospitais de Pediatria por maus tratos este mês, este mês de Dezembro, como em todos os outros. Dessas crianças não há familiar se possa aproximar sem prévia autorização, dissolvidos os laços de sangue, elas são do mundo, mas de que mundo?!
Em Dezembro o sol não nos aquece o suficiente. A não ser quando oiço isto:
- Ela que venha já, ela que venha sem roupa, ela que venha de qualquer modo, ela que cruze os ocenados, ela que fuja de quem a não quer, eu estou aqui à espera dela, sou a madrinha e quero estar com ela este Natal.

A mulher polícia enorme e com voz firme e rouca aquece-me Dezembro com a sua vontade selvagem de cruzamento dos oceanos. Venha sem nada querida afilhada, traga sol.
~CC~

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