As revistas cor de rosa predominam no estabelecimento de bairro onde (me) sacrifico. Sem jeito para as unhas (passei de grande roedora a moderada), com o cabelo sem grande tratamento e verdadeiramente desinteressada de outros pacotes de embelezamento sou só uma cliente sem grande interesse, demoraram algum tempo a registar o meu nome e a palavra que me dirigem raramente vai além de um usual "como está". Contudo, o esvaziamento gradual de clientes tem se feito sentir. A televisão deixou de estar sempre ligada, assim como a música, vai predominando um silêncio cada vez mais pesado. Na semana passada, ela disparou logo à minha entrada: então o que acha destas medidas? O que é que vai ser deste país? Arregalei os olhos de espanto com a conversa desviada de um nível "casa dos segredos" para a análise política da situação nacional. Estava no mesmo sítio? Elas eram as mesmas?
Foi assim que fiquei a saber que no último mês já tinham sido despedidas duas das esteticistas mais novas, inclusive a brasileira que nos chamava queridinhas e nos mimava como nenhuma outra (terá voltado ao Brasil?). De repente a conversa começou a fluir como nunca antes tinha acontecido. Coisas boas acontecem por razões más, uma delas é este súbito interesse pelo mundo onde vivemos: por todo o lado se fala como nunca se falou. Às vezes até parece que deste desespero irão crescer (outras) sementes.
~CC~
3 comentários:
Que cresçam e apareçam novas sementes, sim, e que sejam das que dão bons frutos!!!
beijo
BF
a crise teve esse condão, tornou-nos um pouquinho mais solidários e atentos.
Quase foi preciso chicotear as pessoas para elas acordarem dum sono profundo. Talvez agora se mostrem mais disponíveis, sim. Veremos.
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